sexta-feira, 20 de março de 2009

Capitulo Dez - Subentendido

O que mais me intrigava, era o que eu estava fazendo ali. Por que esse mal entendido havia ocorrido comigo. Nessa altura, a polícia já devia ter revistado minha casa toda e avisado meus pais sobre a invasão que ocorrera. Eles estariam indo a toda velocidade para casa, e suas mentes voltadas para mim, se eu estaria bem. Não era de o meu feitio desobedecer a ordens, principalmente a que eu mais ouvi durante minha infância ‘’ Não fale com estranhos ‘’, dessa vez eu não só desobedeci, como também fui parar numa casa lotada deles ao lado de um homem que dizia ser meu irmão e me contara uma historia sem fundamento, na verdade tinha um fundamento, se eu fosse adotada ou algo do tipo. Eu tinha mãe, pai. Uma família. E possivelmente a morte de minha avó foi conseqüência deste mesmo engano.
- Anne, você não pode sair desta casa. Você viu o que aconteceu hoje, se a gente não tivesse chegado a tempo, você estaria...
- Morta. – completei a frase automaticamente
- Não Anne, você poderia... – mais uma vez Sam deixou sua frase como uma incógnita.
Olhei de cara feia para ele, e ia reclamar dessa insistência em me fazer ficar confusa, mas Michael continuou a falar.
- Anne, eu estou falando serio, você precisa entender algumas coisas. – nesse momento Sam e Matt viraram a cabeça instantaneamente para Michael, seus olhos arderam em ansiedade- As pessoas que te procuram, não são tão comuns, elas são... Excepcionalmente fortes. Aqui você fica mais protegida, aqui que você deverá ficar.
- Eu tenho outra idéia, - me levantei da cama, estava ficando realmente irritada – vou pra minha casa e ligo pra policia, eles vigiam a minha casa e tudo fica bem.
Antes que pudesse dar mais um passo, Sam estava na minha frente, me obrigando a recuar de novo para a cama. Ele me olhava severamente, mas sua expressão mudou imediatamente e ele começou a rir.
- Você ta rindo de que? – disse cuspindo as palavras.
- Como se um bando de policiais fosse o suficiente para deter ele.
Michael lançou a Sam um olhar o repreendendo. Sam se fez indiferente. Matt ainda ao meu lado, olhava para Michael sem desviar. Ele estava ansioso e não conseguia esconder isso. O silencio tomou o local.
- Preciso de explicações, não vou ficar aqui por nada. Meus pais devem estar preocupados, desesperados para falar a verdade.
Sam riu amargurado e mais uma vez, ele conseguiu me deixar com raiva. Ele tinha que ser tão debochado?
- Vou ter que contar tudo de novo Anne? - disse Sam, me olhando.
Eu não agüentei, ele estava me tirando do serio, ele havia de entender que eu não era a irmã dele, estava longe disso. Levantei e fui em direção a ele, mesmo com a cabeça ainda latejando. Antes que pudesse chegar a ele, Matt já estava do meu lado me reprimindo. Mas minha boca estava livre para falar o que eu quisesse. As palavras saiam rápido demais, sem freios.
- Eu não sou sua irmã, eu não tenho nada com você. Espero que você entenda isso. Não adianta você falar nada.
Ele revidou, tentando se explicar. Procurando justificativas para suas afirmações.
- Anne, acho que você que devera entender. Não há um mal entendido, você é minha irmã. Não temos como se enganar.- não era a primeira vez que eu ouvia isso.
Em um movimento rápido ele me puxou pelo braço até uma cômoda no outro lado do quarto. Matt tentou vir junto, mas Michael o puxou para perto. Sam retirou da primeira gaveta uma caixa de veludo vinho bordado com dourado. Sam a pegou delicadamente e me puxou para a cama, dessa vez sendo mais sutil. Ele se sentou e esperou que eu fizesse o mesmo. Mesmo contrariada, me sentei, esperando ele abrir a caixa, para ver o que ela continha.
Ele a abriu e pude ver que seu conteúdo, era feito de fotos e papeis de carta. As fotos tinham aspecto de antigo e a cor estava desbotando. Ele me entregou uma delas. Era de uma família, e pelo contexto de tudo, era a família que Sam me contara a historia. Eram todos parecidos, assim como todos dessa casa. Todos eram morenos, até o bebe mais novo. Estavam todos sorridentes. Meus olhos então pousaram sobre a figura materna da foto. Era estupendamente bela, assim como Sam me descrevera. E notei a semelhança. Mesmo sendo perfeitamente linda. Suas feições eram quase idênticas a minha. Seu nariz, boca, até mesmo o cabelo e o jeito que era preso atrás das orelhas.
Fiquei boquiaberta. Se eu não estivesse tão certa de que tudo era um erro, eu poderia afirmar que ela era sim minha mãe, por toda a semelhança. Comecei a ficar confusa e me perguntei até que ponto Sam falara a verdade.
Os três olhavam para mim esperando uma reação, contudo nada conseguir dizer. Matt conseguiu se desviar dos braços de Michael e se agachou na minha frente. Senti algo quente escorrer por meu rosto, e tive a consciência que eram lagrimas novamente. Eu só queria um lugar seguro naquele momento, meu coração se tornara um imenso vazio. Sem pensar eu me joguei nos braços de Matt e o abracei com todas minhas forças. Enterrei meu rosto em seu pescoço, não queria mais ouvir nada, nem ver nada. Ele tentava me acalmar e me levantou sem esforço nenhum para me colocar na cama novamente, eu o agarrei mais fortemente.
Ele pareceu entender o recado e pediu para que os outros saíssem dali. Porém Sam se recusou.
- Não vou deixar ela sozinha com você.
Fiz um grande esforço e me virei para olhar pra ele, me soltando de Matt.
- Por favor, eu preciso pensar.
Neste mesmo instante, alguém bateu na porta, e Michael já estava abrindo-a. Na soleira da porta, se encontrava um homem que aparentemente era o medico que Michael falara. Ele, assim como todos deste lugar, era extremamente bonito.
Ele foi diretamente a mim. Puxei Matt para que ficasse mais perto. Não queria nada agora a não ser ficar sozinha ali. O medico fez menção de abrir a maleta que ele carregava, mas eu olhei suplicando para Matt me tirar dali. Ele entendeu e me puxou para suas costas.
- Depois ela vai ser examinada, deixa ela ficar quieta comigo. Ela não quer ver ninguém.
Ele pareceu tirar as palavras de minha boca e eu afirmei com a cabeça. O medico e Michael se entreolharam.
- Leve ela pra seu quarto, preciso falar com Sam.
Sam olhou com curiosidade para Michael, e voltou a olhar para mim. Ele abaixou a cabeça logo em seguida. Matt me colocou em sua frente e me levou em direção à porta. O corredor estava vazio, e um vento frio passou por ele. Me encolhi e me aconcheguei a Matt. Ele me puxou para uma porta, semelhante a todas outras. O quarto era visivelmente menor do que o que Sam me levara. Reparei que a janela, tinha vista pra uma floresta linda. Ele me puxou de leve e me levou para a cama. Em um movimento rápido, ele se dirigiu ao armário e me trouxe um agasalho.
Ele entregou em minhas mãos e sorriu. Eu me sentia tão protegida com ele. Coloquei o casaco e no mesmo instante, um cheiro doce e agradável me envolveu. Apoiei minha cabeça na cabeceira da cama. Ele olhava para mim com gentileza, um meio sorriso ainda ficou em seu rosto. Eu ainda precisava de respostas, e não agüentaria esperar.
- Matt – seu sorriso aumentou ao ouvir seu nome – posso fazer umas perguntas? – perguntei gentilmente.
- Não garanto respostas, mas sim Anne, pode fazer o que quiser.
Formulei rapidamente, as perguntas que as respostas eram prioridade.
- O Sam, ele... Ele, - gaguejei ao tentar pronunciar o que se seguia, talvez parecesse idiota demais – consegue ler mentes, ou algo do tipo, não é? – consegui falar enfim.
Esperei uma reação debochada da parte dele, mas ele me olhava com curiosidade.
- Você é mais perceptiva do que eu poderia imaginar. – disse ele por fim.
Então havia algo mesmo, algo sobrenatural que cercava Sam. Minha cabeça disparou a pensar que as semelhanças entre Sam e Matt, talvez não passassem da beleza e os olhos. Eu olhei espantada para Matt e ele pareceu entender a que ponto meu raciocínio chegara. Ele se afastou lentamente. Só de imaginar de ficar longe dele, eu me sentia desprotegida e agoniada. Puxei sua mão para perto de mim por reflexo e ele se aproximou novamente, para meu alivio.
- Então você, é... – deixei o resto da frase ficar subentendido.
Ele entendeu imediatamente, e me respondeu sorrindo.
- Não, eu sou... Diferente.
Por um lado fiquei tranqüila, por outro, um arrepio passou por todo meu corpo, me fazendo estremecer. Matt deixou entendido que a minha tese era verdadeira. Então, todas aquelas vezes, que Sam parecia ler o que eu pensara, ele de fato era isso que estava fazendo. Isso não podia ser verdade, era uma coisa impossível e fora do normal. A cada batida do ponteiro, esse dia se tornava mais estranho. Eu tinha toda certeza que havia mais um segredo a ser revelado. Algo que tanto Matt e Sam estavam tentando esconder de mim.
- Posso fazer outra pergunta? – perguntei arriscando.
- Como eu disse Anne, sempre. – o sorriso perfeito mais uma vez no seu rosto.
Fui diretamente ao ponto, sem rodeios. Estava tão certa, que afirmei ao invés de perguntar.
- Eu sei que tem mais coisa que vocês deveriam me contar. Conte.
Ele estava sem saída e percebeu que eu não iria desistir até obter a resposta que eu queria.
- Anne, eu não posso. – disse ele pegando minha mão. Sua pele sempre gélida me fez arrepiar.
- Eu quero, ou melhor, eu preciso saber. Por favor, Matt. – olhei em seus olhos.
Ele apertou de leve a minha mão, me olhando com tristeza.

5 comentários:

  1. Matt super lindo *-*
    capítulo onze, por favor :D

    http://agarotaatrasdaportaazul.blogspot.com/

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  2. aiiin... *---*
    tava com tanta saudade dessa história!
    como q vc me pára ai?
    eu vou ter um treco!
    Quando sai o 11?
    ansiosa e curiosa!

    http://historiamaisqueavida.blogspot.com/

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  3. Jesuuuuus apaga a luz !
    eu quero o 11 loogo :x rs
    suuper 10 o cap.

    beeeijo ;*

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