terça-feira, 3 de março de 2009

Capitulo Oito - Farsa

Não era fácil tentar acreditar. Na minha mente tinha entrado em colapso, eu fazia um grande esforço para tentar manter meu corpo em pé. Minha respiração estava fraca, e tudo parecia girar em minha volta. Nunca tinha imaginado que meus pais tivessem tido outro filho, além de mim. Eles nunca me contaram. A voz de veludo, de Sam interrompera meus escassos pensamentos.
- Não é isso que você está pensando, seus pais nunca tiveram outro filho. Na verdade, nunca tiveram um filho.
Ele parecia querer que eu deduzisse algo, mas minha mente trabalhava muito lentamente, eu não tinha condição de lógica nenhuma.
- Você me prometeu que não ficaria desse jeito, fui um idiota em ter te falado isso. Você não estava preparada. Fale algo Anne.
Foi nesse momento que as primeiras lágrimas escorreram por meu rosto, não tinha forças para pará-las. Meu olhar se prendeu ao dele, eu queria saber a verdade. Toda, o porquê que nunca havia escutado nada sobre ele, como ele era meu irmão, como ele me encontrou. Eram tantas perguntas a serem feitas, mas minha voz estava travada na garganta.
O sinal tocou, mas eu não tinha como me mover. Sam me olhava esperando alguma reação. Sua mão estava junto a minha. Era difícil tentar imaginar, aquele anjo tão lindo, sendo meu irmão. Ele me puxava levemente a caminho da escola, mas não conseguia me mover.
- Se vai continuar desse jeito, finja um desmaio, pra sair mais cedo. – sugeriu ele.
Não conseguia falar, mas queria sair dali, queria ir pra um lugar onde ele pudesse me contar tudo, saber a verdade era tudo que eu esperava.
- Você vai saber de tudo Anne, mas, por favor, fale alguma coisa, dá um sinal de vida.
Fechei os olhos procurando acordar de mais um pesadelo. Mas tudo era real, eu estava ali, com Sam. O meu irmão assim como ele dissera. Ele parecia começar a se irritar com aminha temporária mudez.
- Ok Anne, pelo visto já fiz a besteira de te contar, e você não vai sair desse estado de sei lá o que, que você se encontra. Então, você faz o que eu mando, e eu te tiro aqui da escola do jeito vamos se dizer, certo. Promete que vai fazer tudo o que eu mando?
Balancei minha cabeça positivamente. Mesmo estando do jeito que eu me encontrava, quase que paralisada, iria fazer um grande esforço, eu só precisava sair dali, e faria de tudo para conseguir.
- Então ok Anne, quero que feche os olhos e forje um desmaio. Eu vou te carregar até a enfermaria e lá você diz que está assim por que não comeu, e que quer ir pra casa. Já aconteceu isso antes não é mesmo? – ele sorriu sem humor.
Balancei minha cabeça afirmando mais uma vez. Ele se aproximou de mim estendendo os braços. Ele rapidamente me pegou e me suspendeu. Parecia tão fácil da forma que ele fez, como se eu fosse tão leve. Joguei minha cabeça para trás e fechei meus olhos. Sentia alguns pingos da chuva cair no meu rosto enquanto caminhava pela parte descampada do pátio. Depois de um tempo de caminhada, ouvi ele falar que me vira desmaiar perto do pátio, e me pegou no colo, afim de me levar a secretaria. Alguém que parecia algum inspetor do colégio, o acompanhava até a enfermaria.
Percebi que estava na enfermaria logo que adentrei o local, o forte cheiro de álcool me deixava enjoada. Fui colocada em uma maca, e ouvi uma voz feminina dizer que não era a primeira vez que eu estivera nessa situação.
Como na ultima vez, senti um cheiro forte e levantei por impulso, fiquei surpresa por conseguir me movimentar. Coloquei a mão na cabeça tudo parte da encenação.
- Mais uma vez aqui querida? Eu disse que você deveria sempre comer algo.
- Me desculpe. – minha voz estava rouca, mas pelo menos conseguia falar.
- Está se sentindo bem? Pode continuar na escola ou prefere ir para casa?
Olhei em volta, e notei que Sam não estava na pequena sala, como fora parte do acordo que fizera com ele, teria que ir embora, e então, ele me contaria tudo. Estremeci com a idéia, tinha medo do que poderia ouvir.
- Ainda estou meio tonta – menti – teria como me liberar? – coloquei a mão na testa fazendo um pouco de drama.
- Sim querida. – disse ela amavelmente- mas, por favor, tente se cuidar melhor.
- Claro. – sorri para ela.
- Melhoras querida. – disse ela já fechando a porta da enfermaria.
A chuva havia se tornado uma leve garoa. O vento frio bateu em meu rosto, me fazendo tremer. Sam me esperava próximo ao corredor principal. Minha mochila em suas mãos, seu rosto trazia traços de desespero. Movia-me lentamente em sua direção, minha coordenação ainda não tinha voltado completamente. Já ao seu lado, fiz menção de pegar a mochila de sua mão, mas ele a colocou nas costas, e esperou que eu desse o primeiro passo.
Caminhamos juntos até a avenida que dividia a cidade na parte mais urbanizada, com a parte onde ainda havia a floresta nativa daqui e um pedaço da praia. A praia no verão era minha parte preferida da cidade. A mistura de floresta com o clima de praia era fascinante. Sam parou e olhou em direção a pequena estrada que dava direto pra praia, eu estava encolhida de frio.
Sam sinalizou com a cabeça em direção a estradinha, e começou a andar na direção da mesma. Fiquei confusa, perto da praia a temperatura estaria completamente fria, nessa época do ano, sem ser os moradores das luxuosas casas de frente para praia, aquele local era um deserto. O frio insuportável deixava o local inabitável. Mas Sam continuava seguindo seu caminho. Segui-o, o vento gelado começava a bater em minha pele. Apressei meu passo para poder acompanhá-lo.
A pequena estrada estava vazia, assim como a orla da praia. As ondas batiam e a espuma densa formava um manto branco no meio da imensidão do mar. As pedras que eram em maioria na orla, estavam cobertas por uma camada de algas. Um grupo pequeno de gaivotas sobrevoava a orla a procura de algum peixe.
Sam estava parado mais a frente, olhando para mim. Parei ao lado dele, esperando alguma reação. O olhar dele passou por mim, e foi em direção a uma das grandiosas casas que beiravam a praia de Foester. Desviei meu olhar, para a mesma direção que o dele. A luxuosa casa, de cor marfim, era majestosa e passava a imagem de um lugar confortável. Um pequeno jardim formado por rosas vermelhas destacavam a beleza da casa. Visível na garagem estava dois carros importados. Não entendia muito bem desse assunto, mas tinha a plena consciência de que valiam muito. A grade branca que cercava a casa impedia a minha visão do outro lado do local.
Sam retirou uma chave de seu bolso e destrancou a fechadura. Meu queixo caiu naquele instante, não conhecia ninguém que morasse em uma daquelas casas. Cheguei a ouvir boatos que valiam milhões de reais.
Ele me olhou, esperando que eu entrasse na casa. Em outras ocasiões, eu já estaria correndo em direção a parte mais movimentada da cidade, mas desta vez, eu não tinha como negar. Sabia que era errado, entrar numa casa de um estranho, que até uma semana atrás, nunca havia visto em minha vida. Ou tinha? Essa era e pergunta que mais me atormentava. Hesitei ao entrar, mas segui em frente. Algo nele, assim como em Matt, me dizia que eu poderia confiar.
- Pode confiar Anne, não quero mais nada em minha vida, a não ser o seu bem. – sua voz era confiante e mais uma vez ele me surpreendeu respondendo minhas perguntas mentais. Essa era mais uma pergunta que queria resposta. Como ele conseguia isso. Eu devo ser tão fácil de ler?
A casa ainda era mais majestosa de perto, todas as numerosas janelas, tinham detalhes em branco. A porta de entrada dava pra perceber, que era feita da mais luxuosa madeira. Sam abriu a porta e logo pude ver o imenso hall que ficava na entrada na casa. A mobília era formada por poltronas de veludo vermelho, e moveis de madeira mogno que passavam um ar de conforto. Uma lareira dava o toque final.
- Fique a vontade Anne. – disse ele, retirando o casaco.
Eu estava toda molhada, meu cabelo pingava e fazia poças no assoalho de madeira.
- A não ser que você queira pegar uma pneumonia, tire esse casaco.
Na mesma hora fiz o que ele mandou. O local estava quente e confortável, eu não precisaria usá-lo aqui dentro. Entreguei na mão de Sam, que andou em direção a o que parecia a cozinha da casa. Menos de um minuto depois, Sam estava de volta, e ao invés de meu casaco, ele trazia em suas mãos uma manta vinho.
Ele a passou pelas minhas costas, e colocou meu cabelo de lado. Ele parecia se importar tanto comigo, a cada gesto dele. Eu queria acreditar que ele era meu irmão, mas estava difícil. Talvez isso não passasse de um mal entendido e logo tudo estaria normal como antes. Ele pegou levemente a minha mão e me guiou até a lareira, sentei nas almofadas que estavam em volta da mesma. Ele sentou na minha frente, de um jeito que pudéssemos ficar olho para olho. O calor da lareira proporcionava uma sensação agradável na minha pele fria. Sam me olhava intensamente, até que com uma voz suave, falou.
- Que comece a verdade.

9 comentários:

  1. aiiiii que massa

    eu qro saber o que ele vai falar pra elaaaaaaaa

    ain loka de curiosidade pro capitulo 9 *_*

    by: Larissa Varella

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  2. Morri +_+

    Ela é irmã do Sam
    Sam é super rico
    e quando ele vai começar a contar vc para
    ai...ai...ai...

    Louca para o capitulo 9

    BjssS

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  3. Ana, vc é má!
    vc pára a hitória na melhor parte...
    se eu tiver um treco cada vez que vc pára o capítulo 'assim' e não dá uma margem de quando vai continuar... a culpa é sua! ;)

    sério, muito boa a sua história! *---*
    curiosa¹²³

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  4. uuoooool !
    curiosidade mata sabiia?

    ta mara *-*

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