quinta-feira, 9 de abril de 2009

Capitulo Doze - Mais verdades

- Supondo então que eu sou mesmo sua irmã... – comecei, Sam bufou - Até que parte eu sou semelhante a você?
Ele pareceu entender a que ponto eu queria chegar. Ele se curvou para mais perto de mim, e segurou uma das minhas mãos. Eu ainda estava assustada com tudo que ele estava me falando e sua pele gélida me fez arrepiar, me esforcei e mantive minha mão junto à dele. Tanto ele quanto eu, balançávamos o pé em sinal de ansiedade.
- Até que ponto você gostaria de ser semelhante? – ele me perguntou.
- Me explique. – o desafiei novamente.
Ele apertou mais forte a minha mão e eu esperei que ele me respondesse. Por um breve tempo, o silencio tomou a pequena sala, até que a voz musical de Sam o quebrou.
- É complicado de se explicar, vou tentar resumir, para seu melhor entendimento.
“Filhos de vampiros nascem humanos, porém trazem traços de seus pais no sangue. A certa idade, esses traços começam a se manifestar, por pelo que vamos dizer ‘sintomas’. Geralmente é neste período em que damos ao individuo, o direito de escolher. Entre permanecer humano e envelhecer normalmente, ou ser transformado totalmente. Existe um período, pelo qual esses traços podem se manifestar. Depois de certo tempo, eles ficam adormecidos, e não mais se manifestam”
Então era assim que funcionava, se tinha uma escolha. Meus olhos caíram sobre o relógio, perto da mesa onde estava um computador. Os ponteiros marcavam seis horas em ponto. Assustei-me com a velocidade que o tempo passara. Meus pais deveriam estar preocupados, eu havia de arranjar uma forma de me comunicar com eles.
- Hei Sam, posso te pedir uma única coisa? – tentei ser amigável.
- Claro, Anne.
- Posso fazer uma ligação, uma única ligação. Prometo que talvez ela mude muita coisa. Por favor. – tentei mais uma vez o meu olhar implorativo e fiz beicinho.
- Imagino para quem seja. Tome. – disse Sam me entregando um celular.
Disquei os números o mais rápido que pude, e aguardei que do outro lado da linha alguém atendesse. Não demorou muito para que minha mãe, com uma voz de esperança, atendesse o telefonema.
- Alô? – disse ela chorosa. Respirei fundo e engoli seco antes de responder.
- É a Anne mãe. – minha voz saiu sem vida. Sam na minha frente me olhava pacientemente.
Eu sabia que ela reagiria daquela forma, percebi pelo barulho aos fundos que ela não estava sozinha.
- Anne graças a Deus! Onde você está? Você está bem? Alguém te machucou? – ela se perdia em meio a tantas palavras.
Respirei fundo, contendo as lágrimas, uma pergunta era necessária para que eu encerrasse essa ligação.
- Eu estou bem, não fizeram nada comigo. Por favor, me responde uma pergunta? – tentei ser o mais indiferente o possível, mas por dentro a angustia me tomava.
- Anne, o que está acontecendo? Sua voz está estranha, onde você está Anne? Responda-me, preciso te ver bem. Tem alguém te controlando? Anne?
- Uma pergunta, uma resposta. – disse friamente.
- Fale Anne, você está me assustando.
- Você... – engoli seco ao tentar pronunciar as próximas palavras – Você é minha verdadeira mãe? Ou eu... - os restos das palavras pararam na minha garganta.
No outro lado da linha, só conseguia ouvir a respiração de minha mãe, que se tornava mais intensa a cada segundo. Ouvi a voz do meu pai, ao fundo da ligação perguntando o que estava acontecendo.
- Anne, a gente iria te contar quando fosse a hora certa. – o sussurro de minha mãe, quebrara o silencio.
Meu mundo naquele instante sucumbiu, só consegui fechar o celular e o largar. O barulho dele caindo ao chão, se sobressaiu em meio aos meus gemidos de dor. Escorreguei para o chão, e fiquei ali, me sentindo sozinha como nunca tivera sentido antes. Meus pais, aqueles que por tanto tempo amei, aqueles que me ensinaram a andar de bicicleta, me acompanharam nos momentos difíceis da minha vida, eram parte de uma farsa. Sam havia de todo tempo falado a verdade, e eu acreditei naqueles que mentiram minha vida inteira. Eu não sabia se os odiava por todas as mentiras. Eu não sabia de nada. Eu era uma mentira, minha vida inteira se tornara uma mentira.
Reuni forças para olhar diretamente para Sam. Ele estava falando a verdade, aquele homem na minha frente, era meu irmão. Minha mãe estava enterrada em uma ilha, ela sacrificara sua vida pela minha. Meu pai, provavelmente tivera o mesmo destino.
Neste momento tudo mudara. As lagrimas escorriam sem parar. Abracei meu joelho procurando uma proteção. Encontrei o olhar apreensivo de Sam.
- Desculpe. – Consegui falar em meio a lagrimas.
- Você não tem que se desculpar Anne. A culpa não foi sua. Só quero você bem. – ele se levantou e sentou ao meu lado.
Ele tentou me proteger, e eu o neguei. Imaginei o quanto foi difícil para ele, me olhar e não poder me contar a verdade. Naquele momento, esqueci da historia dos vampiros, de tudo que ele me contara, esqueci dos meus medos. Eu só precisava fazer uma coisa.
- Sam, - consegui dizer em meio aos soluços – Posso fazer uma coisa?
- Não precisa pedir Anne.
E eu me joguei em seus braços e o apertei com todas minhas forças. Ele retribuiu o abraço. Percebi que ele também chorava.
- Te esperei por tanto tempo. – afastamos nossos corpos, e nos olhamos, olho no olho. Pela primeira vez, o olhar de Sam não trazia um sentimento ruim, eu via felicidade em seu olhar.
Ficamos ali por um bom tempo nos olhando, minha mente aos poucos voltando ao normal. Mas por dentro, eu sentia falta de uma parte de mim.
- Você deve estar com fome não é? – disse ele preocupado, quebrando o silencio.
Eu realmente estava faminta, fazia horas que eu não colocava um alimento na boca.
- Pra falar a verdade... - antes mesmo de eu terminar a frase, ele já estava de pé.
- Volto em menos de um minuto Anne. – disse ele sorrindo.
- Não, - disse me levantando – eu vou com você.
Ele pareceu se divertir com isso.
- Por que isso agora?
- Curiosidade. – fui sincera.
Ele gargalhou musicalmente.
- E então vamos? – enxuguei as lagrimas do meu rosto com o casaco que Matt me dera. Senti seu cheiro, e me lembrei de como havia me comportado com ele. Queria me desculpar da maneira que lidei com ele. Matt talvez entendesse que eu não estava em um momento bom, acabara de descobrir que vampiros existiam. E que eu estava numa casa lotada deles.Vampiros? Nossa, isso parecia tão, ok, não havia uma explicação lógica para tudo.
Eu agarrei em seu braço e saímos juntos da sala. Assim como nas outras vezes, ao perceberem a minha presença no local, todos pararam o que estavam fazendo. Olhei com curiosidade para todos os presentes ali. Tentei memorizar cada rosto. Sam me levou para uma porta, embaixo das escadas. Entrando no local, era claro que ali era a cozinha da casa. Era enorme o local, mas parecia pouco usado. Era meio óbvio o porquê.
- E então o que quer comer? – perguntou Sam, amarrando o avental na cintura.
- Qualquer coisa. – disse sentando na bancada perto do fogão.
- Vou fazer, minha especialidade está bem? – disse sorrindo
Assenti com a cabeça. O silencio tomava o local, e assim ficou por um bom tempo, enquanto Sam acrescentava ingrediente e mexia. Eu tinha tantas perguntas a fazer.
- E então, que gosto tem sangue? – disse fazendo uma cara de nojo.
Ele não pareceu surpreso com a pergunta, provavelmente estava dentro da minha cabeça, enquanto eu pensava em como perguntar.
- Sangue animal tem mais graça para nós. – disse ele, mexendo na panela.
- Nada de sangue humano?
- Não para nós. – disse ele me entregando um prato. Parecia apetitoso, aparentava ser macarrão com carne, mas preparado de forma diferente.
- Como assim não para vocês? - disse dando a primeira garfada. Estava realmente delicioso.
- Existe outra coisa que você tem que saber. – disse ele se sentando do outro lado do balcão, de maneira que ficássemos olho a olho novamente.
Droga, mais coisa? Eu já estava bastante confusa com o que ouvira até agora e ainda havia mais coisa? Mas a curiosidade mais uma vez me venceu.
- Não somos os únicos, existe outra raça, semelhante a nossa. A única diferença entre nós é a alimentação. – disse ele devagar.
Consegui entender aonde ele queria chegar. Existia então dois tipos de vampiros, eles que se alimentavam de animal e outros, esses sim se alimentavam de sangue humano. Sam percebeu que eu entendi o que ele quis dizer, e logo me tranqüilizou.
- Não se preocupe com isso Anne, não há lugar mais seguro para você, do que aqui, ao meu lado.
Realmente, eu me sentia segura perto dele. Continuei comendo em silencio e ao terminar, fui em direção a pia com intenção de lavar meu prato como era de costume em minha casa. Ou na minha ex-casa. Eu estava ligando a pia, quando a mão de Sam segurou a minha.
- Você só pode estar de brincadeira não é? – disse ele sorrindo – Deixa esse prato ai. Vamos, você precisa descansar.
- Me deixa lavar o prato Sam. É o mínimo que eu posso fazer. – disse insistindo em ligar a torneira.
- Sente ali Anne, tem algo que você precisa saber. – ele parecia mais severo.
- Mais coisas? – eu estava farta de revelações. Mas talvez fosse melhor saber tudo de uma vez.
- Quando te contei a historia de onde tudo começou. A história de nossos pais. Mencionei que eles eram de mundos diferentes.
“Os mundos que eu me referia eram esses, o de nossa mãe, representa esse que hoje estamos. Todos que estão aqui. O outro mundo são aqueles que eu mencionei se alimentarem de sangue humano. O mundo onde nosso pai fazia parte, o mesmo mundo que aqueles que estiveram em sua casa mais cedo, faz parte.”
Então meu pai sim, ele se alimentava de sangue humano. Um arrepio passou por todo meu corpo ao pensar em quantas pessoas, meu pai poderia ter matado.
- Eu quero chegar a um ponto importante Anne. – continuou Sam. – De manha, você se perguntou o porque eu mandava e desmandava em Matt, o por que eu consegui levá-lo para longe de você.
Acontecera mais cedo, mas eram tantas coisas juntas, que pareceu ter ocorrido a tempos. Eu tinha discutido com Sam, pelo fato de ter tirado Matt de mim. Assenti com a cabeça para que ele continuasse.
- Cada uma dessas raças, tem um governante. Como se fosse um rei, alguém que possa representar todos.
“Aquele homem, nosso tio, é o que governa o outro lado. E quem governa aqui é ...’’
Ele deixou que eu terminasse a frase, que fosse muito óbvio o que ele tentava dizer. O primeiro nome que veio em minha cabeça era Michael, pela forma em que todos o obedeciam.
- Michael? – eu não podia afirmar ao certo.
Ele olhou frustrado para mim, então a resposta era tão obvia? Tentei raciocinar melhor, mas somente Michael me parecia alguém que comandasse aquele lugar.
- Não está tão claro Anne? – continuou ele, seu rosto mostrava que eu havia deixado algo passar – Se o trono um dia fora de nossos avos, pela lei de sucessão...
A resposta veio em minha mente instantaneamente e eu me senti extremamente burra em não ter percebido antes. Era Sam o governante deste mundo. Então...
- Ou... Ou... Ou. – não consegui por em ordem meus pensamentos para expressa-los.
Ele parecia tentar me ler, agradeci por sua habilidade, eu com certeza não ia conseguir pronunciar o que pensava. Ele assentiu com a cabeça, provavelmente esperando uma reação histérica de minha parte. Eu Anne, princesa (ao que me parecia), de um bando de vampiros.
- Nossa mais alguma coisa a declarar? Eu to falando serio, se tem mais alguma coisa a me contar, diga agora, prefiro ouvir tudo de uma vez. – disse me embolando com as palavras.
- Por hora é isso Anne.
No momento em que ele terminou de falar, ouvi um barulho, vindo da porta de entrada da cozinha. Num movimento rápido, Pablo, o vampiro grandalhão e loiro estava ao lado de Sam me olhando com curiosidade.
- Recado dado, pode se retirar. – disse Sam grosseiramente.
Pablo não havia dito uma palavra se quer, e o recado já estava dado. Ri com essa situação, teria que me acostumar em ter um irmão leitor de mentes por perto.
- Não. – disse Sam aleatoriamente, olhando para Pablo.
- É com ela com quem vou falar. – ele rebateu.
Ele se virou e ficou cara a cara comigo, Sam bufou e disse algo que não compreendi.
- Acho que tem alguém lá fora, que precisa de companhia. – disse ele docemente.
Não entendi ao certo o que ele quis dizer. Levantei sem pensar, eu não era muito boa em controlar minha curiosidade. Olhei em direção a porta, esperando que Sam me autoriza-se a ir. Era engraçado a forma que me tornei dependente dele em pouco tempo, a cada segundo, a sensação de conhecê-lo a minha vida toda se tornava maior, eu não precisava de nenhum exame que comprovasse nosso parentesco, meu coração já afirmava sua veracidade.
- É perigoso. – disse Sam.
- Qual é Sam? Acha mesmo que eles vão tentar alguma coisa com tantos de nós aqui? – disse Pablo, tentando convencê-lo.
Eu estava curiosa, queria saber quem me esperava.
- Pelo menos até a porta. – cedeu Sam. Um sorriso de satisfação tomou conta do rosto de Pablo.
Eu me agarrei a ele, e saímos juntos da cozinha. Pablo estava logo atrás de nós. Sam me levou até a porta e abriu-a.
A lua já tomava o céu que se tornou escuridão. As estrelas pareciam formar um cordão de brilhantes no breu. Sentado em um banco, ao lado do casarão estava Matt. Mesmo de longe, percebi que sua beleza se tornara mais intensa a luz da lua. Vacilei ao dar o primeiro passo, a temperatura, no lado de fora estava extremamente gélida, o vento frio tocou o meu rosto e estremeci. Olhei para Sam que já havia retirado seu casaco e sinalizava para que eu o pegasse.
- Mas e você? – perguntei antes de pegar.
Ele apenas riu, e colocou o casaco em minhas mãos. Senti-me extremamente quente e confortável ao vesti-lo. Ele possuía o mesmo cheiro que havia no agasalho que Matt me dera. Puxei o capuz para proteger minhas orelhas do frio. Fui andando desajeitada até Matt, que olhava profundamente em direção a floresta que cercava o local. Eu deveria estar completamente idiota, parecendo um urso com tantas camadas de proteção.
Ele pareceu indiferente a minha chegada, continuou olhando pra onde olhava. Nem sequer desviou o olhar para mim. Ele parecia realmente mal com que eu havia dito. Sentei ao lado dele, esperando que dissesse alguma coisa.

9 comentários:

  1. Caraba quanta coisa! Por favor não demore a postar!
    Beijooo

    ResponderExcluir
  2. Mais, mais, mais *-*


    http://agarotaatrasdaportaazul.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  3. antes tarde do que mais tarde!
    adorei o cap Ana! *---*
    vê se não demora tanto pra postar o próximo! :)

    beeijos!
    http://historiamaisqueavida.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  4. ops, postei com o perfil da minha mãe aqui em cima (Ilda) hehe ^^

    ResponderExcluir
  5. vê se não demora tanto pra postar o próximo! :)(+1
    cara ta muito boom, *-*
    hiper curiosa :x

    beeijos :*

    ResponderExcluir
  6. geeeeente que mara !
    eu quero saber do próxiimo logo *---*

    beeeeijos ;*

    ResponderExcluir
  7. AAAAAA EU QUERO OUTRO LOGO LOGO LOGO LOGO *O*

    ResponderExcluir
  8. AAAAI TO MUITO ANSIOSA PELO PRÓXIMO
    não demora muito não pliiiis

    ResponderExcluir
  9. Anne s2 Matt
    Adorando a história...
    Fã de carterinha...
    Curissisima..
    =DD

    ResponderExcluir