quinta-feira, 11 de junho de 2009

Capitulo Catorze - Doce

A uns dez metros do chão estava uma casa da arvore, parecia pouco usada levando em consideração seu exterior. A madeira escura estava coberta por pequenas plantas que a usava como suporte. A escada para a casa descia pelo tronco e não me pareceu muito segura.

- Não mesmo, isso não vai agüentar meu peso. – ele me olhava implorativo, esperando que eu subisse.

- Vamos lá Anne, cadê seu espírito esportivo? – meu sorriso favorito brotando no canto de sua boca.

- Ele nunca existiu pra falar a verdade. – a mais pura verdade.

- Você não vai cair Anne. Confie em mim. – ele parecia tão seguro de si, e aquele olhar... Droga, aquele olhar me faria fazer qualquer coisa, a mais doida que me pedisse.

Olhei para a escada contando quantos degraus teria que enfrentar. Vamos lá Anne, doze degraus não é algo tão assustador. Assustador? Qual é Anne, você tem um irmão vampiro e dormiu numa casa lotada deles. Tomei fôlego e coloquei o pé vendo se era firme, Matt estava radiante, seu sorriso maior do que nunca. Minha mão suada não ajudou nada na subida, tentei ao máximo não olhar para baixo. Matt me olhava protetoramente.

A finalmente o décimo segundo degrau. A escada dava diretamente para dentro da casa. Nossa! Não esperava que uma casa da árvore tivesse um sofá de couro, uma TV e frigobar. Eu ainda não tinha me levantado e Matt já estava do meu lado.

- Como você...?

- Pratica. – ele estava com a mão junto a minha, me levando em direção à sacada.

Ele estava certo, a vista valia a pena. Era tudo tão lindo, mesmo com a densa camada de arvores, as flores amarelas se sobressaiam a tudo. Pareciam tão delicadas em meio a vento que as movimentavam espalhando seu aroma adocicado.

- Eu te disse que valeria a pena. – ele me puxou para um abraço.

Nossos corpos estavam juntos como um só. Enterrei minha cabeça em seu peitoral, e aspirei seu aroma adocicado. Era tão semelhante ao aroma das flores. Eu poderia ficar ali, para sempre.

Naquele instante tudo fez sentido, não era fascinação o que sentia por Matt. Era atração, eu estava apaixonada por ele. Eu queria dizer te amo, demonstrar tudo o que sentia naquele momento. Mas eu tinha medo, não dele fisicamente, tinha medo que ele me recusasse de alguma forma, que meu sentimento não fosse recíproco.

Olhei em seus olhos, ele me olhava intensamente. Meu sorriso preferido tomava seu rosto, era impossível não sorrir de volta. Eu nunca havia me sentido daquela forma, borboletas pareciam tomar meu estomago.

De repente tudo mudou, mais uma vez minha cabeça ardeu como se estivesse em chamas. Meus joelhos não pareciam conseguir mais agüentar o meu peso e eu acabei caindo, eu ouvia a voz de Matt chamando meu nome, mas não tinha forças para responder. Tudo pareceu rodar ficando tudo escuro, não completamente, uma luz forte estava a poucos metros de mim, iluminando alguém. Era uma mulher jovem. Seus cabelos eram loiros e caiam em cachos até sua cintura. Ela usava uma capa preta que cobria todo o seu corpo. Carregado em seus braços, estava um criança, um bebê que aparentava ter meses. A mulher abraçou a criança e a beijou na testa, disse algo que não pude entender. A imagem começou a ficar embaçada e escura novamente.

- Anne? Me responde, por favor. – Matt estava desesperado, com a mão em meu rosto.

- Droga. – tentei me sentar sem sucesso. Meu corpo estava mole e parecia não responder meus comandos.

- O que houve Anne?

- Não se preocupe Matt, não é a primeira vez que isso acontece. – consegui enfim me sentar.

Minha cabeça ainda doía e tudo em volta parecia rodar. Mesmo sem foco, estava claro que o rosto de Matt que ele estava preocupado. Tentei realinhar meus pensamentos, mas a imagem daquela mulher atormentava minha mente.

-Está melhor Anne? – a voz de Matt estava mais calma.

- Eu não sei Matt, não é a primeira vez que isso me acontece. É tão estranho. Na verdade está tudo errado. – desabafei.

- Não fique assim Anne, é complicado no começo, mas depois você se acostuma. – ele se sentou ao meu lado.

- Como vai ser daqui pra frente? Eu vou ter que me esconder pra sempre? Não vou mais a escola? Não vou poder sair sozinha? Eu não sei se agüento essa pressão Matt, não mesmo.

Apoiei minha cabeça no seu ombro, e abracei meu joelho. Ele suspirou e colocou sua mão em minha cintura.

- Vai tudo ficar bem Anne. Eu prometo.

Fechei meus olhos esperando realinhar meus pensamentos. Por que isso tudo tinha que acontecer logo comigo?

- Se isso te faz melhor, tem gente olhando seus pais. Eles estão bem Anne.

- Ah... – a palavra pais me parecia tão distante neste momento – isso me tira um peso. Eles provavelmente vão superar antes de mim.

- Eles não fizeram pro seu mal, Anne. Pense que neste tempo todo, eles estavam apenas te protegendo.

- Eu não gosto de mentiras. – minha voz saiu mais rude do queria.

Ele ficou em silencio. Concentrei-me em ouvir os pássaros que cantavam. Meu futuro era mais incerto do que eu imaginava.

- Matt, eu tenho uma duvida.

- Fale. – sua voz era curiosa.

- Assim como nos filmes, vocês... Vocês vivem eternamente?

Ele demorou pra responder.

- Sim e não. – ele parecia hesitante. – Depende do que você se... Alimenta.

Esperei que ele continuasse. Olhei em seus olhos distantes. Os olhando profundamente, reparei em algo que até então não havia notado, seus olhos continham ternura. Seu olhar encontrou o meu, o sorriso mais uma vez em seu rosto. Eu não conseguia olhá-lo daquela por muito tempo, abaixei a cabeça e senti todo o sangue indo para minhas bochechas.

- Se você se alimenta como os humanos. – ele continuou. - menos tempo de existência.

- Então se você se alimentar de sangue...

- Mais tempo de existência. – ele completou.

Acabei rindo, sem humor, de como ele evitava falar vida. Ele notou.

- O que houve?

- Não considera isso uma vida. – não era uma pergunta, estava claro no modo que ele falava.

- Não. – sua voz estava seca.

Não iria voltar a este assunto, percebi que isso o fazia ficar mal. Não tinha entendido como não havia surtado ainda, talvez a ficha não tivesse caído. Vampiros. Parecia algo tão assustador, mas ao mesmo tempo algo dentro de mim me dizia que não precisava temer, que com eles eu estava segura.

- Anne, você me promete uma coisa? – ele se sentou em minha frente, de modo que pudéssemos ficar olho a olho.

- Fale. – a curiosidade mais uma vez tomando conta de mim.

Ele pareceu hesitar, mas continuou.

- Se você tiver uma escolha, se Sam te permitir isso, por favor, eu te imploro, não aceite entrar neste mundo.

Ele me olhava intensamente e seu rosto se contorceu em dor. Ele não queria que eu me torna-se um deles. Mas se esse fosse o meu destino? Se não houvesse uma escolha? Eu estava ligada a esse mundo, mais do que eu poderia imaginar. Nas minhas veias corria a maior prova.

- Não posso te prometer isso Matt. Desculpe. – ele parecia esperar essa resposta. Ele me reprovava pelo olhar.

- Você não sabe o erro que poderá estar cometendo Anne. – a frustração tomou seu rosto.

- Não vejo nada errado no que você é, como você disse, há uma escolha, se eu não quiser me alimentar de sangue, eu não me alimento. – as opções começaram a surgir em minha cabeça, os prós e contras de cada uma.

Ele me olhou daquela forma implorativa que eu nunca resistia, desviei o olhar tentando não cair na tentação de prometer uma coisa que talvez não pudesse cumprir.

- Desculpe. – eu não queria deixá-lo mal como noite passada.

Ele se sentou ao meu lado e colocou a mão na minha cintura novamente. Eu apoiei minha cabeça em seu ombro. Queria tanto saber, se ele gostava de mim da mesma forma que eu gostava dele. Às vezes ele deixava transparecer seu afeto por mim, mas não queria acreditar somente nas minhas teorias, eu queria que ele falasse o que realmente sentia. Mas não sabia a forma correta de perguntar, e nem se teria coragem para o mesmo.

Minha vida tinha virado de ponta cabeça desde a última semana, tudo havia mudado. Meus pais, minha moradia, minha forma de vida. Talvez eu devesse mudar também. Tomar coragem para falar o que eu penso poderia ser a primeira iniciativa. Respirei fundo, tentando não pensar exatamente no que poderia acontecer, esse talvez fosse o segredo.

- Matt, me responde uma coisa com sinceridade?

- Fale Anne. – seu rosto estava grudado em minha cabeça, eu conseguia sentir sua respiração.

- O que você sente por mim? – tentei ser o mais direta o possível. Não consegui deixar de sorrir, minha tentativa havia dado certo, minha voz não havia travado ou algo do tipo.

Ele riu, me fazendo apavorar. Talvez eu tivesse sido muito antecipada.

- Como pode ser tão tola. – ele me virou, ficamos frente a frente, olho a olho. Ele estava perto o bastante de mim, eu conseguia sentir o seu hálito doce.

- Eu te amo Anne. Desde a primeira vez que te vi. Você ainda tem duvidas? – ele pronunciou cada palavra com intensidade e devoção.

Meu corpo parecia ter ficado mais leve do que nunca, me esqueci de tudo que passei e de tudo que eu poderia vir a passar. Ele me amava e nada mais importava. Minha boca se curvou num enorme sorriso que era o reflexo de como minha alma se sentia naquele momento. Ele afagou meu rosto e eu fechei os olhos, sentindo sua pele gélida.

- Anne? – sua voz estava mais suave do que nunca.

Eu abri meus olhos, achando que iria acordar de um sonho bom e retornar a todo aquele pesadelo. Mas ele estava ali. Esperei que ele continuasse.

- Agora quero que você me diga. O que sente por mim? – em sua testa surgiu uma pequena ruga.

Eu queria dizer que o amava até minha voz falhar.

- Droga. – ele se levantou e espiou pela sacada.

O que poderia ter acontecido? Estava tudo tão perfeito. Ele segurou minha mão me fazendo levantar. Ele sorriu pra mim.

- Está tudo bem Anne. Só temos que sair daqui. Sam está te procurando.

Ele desceu as escadas primeiro, e me aguardou lá embaixo. Andamos de mãos dadas por uma parte da trilha. A resposta de sua pergunta, ainda estava engasgada em minha garganta.

- Parece que você tem um serio problema de audição moleque. – Sam pareceu se materializar na nossa frente. E estava na cara que ele estava bem furioso.

Ele foi em direção ao Matt, mas antes que ele pudesse fazer alguma coisa eu me meti na frente dos dois.

- Sai da frente Anne, não quero te machucar. – ele parou na nossa frente.

- Não vou sair daqui Sam, nem a força.

Ele revirou os olhos. Logo atrás de Sam, Pablo e mais um homem moreno alto apareceram.

- Onde estavam? – Sam perguntou olhando para Matt.

- Na casa da arvore. – olhei para Matt, seu rosto não estava tão diferente do rosto de Sam.

- E o que eu havia dito a você Matt? Eu não quero a Anne fora daquela casa, está me ouvindo? – Sam cuspia as palavras.

Aquilo me irritou profundamente.

- A claro, só esqueceram de falar para a Anne que ela não poderia sair da casa, qual é Sam? – disse, ironicamente.

- Vamos Anne. – ele me puxou pelo braço, mas eu me soltei segurando mais uma vez a mão de Matt.

- Não, quero ficar com Matt.

- Eu preciso falar com você urgente Anne, é sobre o que me mostrou mais cedo. – talvez ele tivesse descoberto algo sobre meus pesadelos.

A curiosidade mais uma vez me venceu. Olhei para Matt e ele assentiu com a cabeça. Andei em direção a Sam, ignorando sua mão estendida. Os dois homens andaram em direção a Matt. Olhei para eles, o homem moreno propôs uma corrida e Matt concordou, mas seus olhos ainda presos em mim.

- Ainda quero a minha resposta. – reconheci a voz de Matt, mas quando fui olhar, não havia mais ninguém onde ele estava.

6 comentários:

  1. Amei Ana!!!!
    bom,como vc já me explicou q ta estudando muito e não ta tendo tempo....
    mas,por favor,não demora tanto como da ultima vez!!
    Bjo=D

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  2. "- Eu te amo Anne. Desde a primeira vez que te vi. Você ainda tem duvidas? – ele pronunciou cada palavra com intensidade e devoção. " morri veei, aain que lindo *-*
    serio mtmtmt fofo :X

    naao demore tanto Ana :D
    beeijos :*

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  3. -Ainda quero a minha resposta. – reconheci a voz de Matt....Adoreiii!

    Mais...Mais...

    Não demore, please!!!
    beijos

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  4. Eu tbm espero que se breve! u.u
    hauahauahua
    Lindo o capitulo!
    Beijooo

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  5. Ansiosa esperando o próximo...
    enquanto isso...
    estou voltando a escrever e tem um extra lá...
    depois veja!
    beeijos!

    http://historiamaisqueavida.blogspot.com/2009/06/extra-prefacioprologo.html

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