domingo, 28 de junho de 2009

Capitulo Quinze - Irmandade

Mesmo com o sol, o clima estava frio, principalmente dentro da floresta. Os poucos raios solares que conseguiam se infiltrarem pela densa camada de arvores, não servia de nada. O que parecia mais irônico era Sam, ao meu lado, usando somente uma calça de moletom.
- Você não sente frio não? – tentei ser o mais indiferente possível, ainda estava brava com Sam pelo jeito que ele tratava Matt.
- Não. – ele ainda parecia raivoso.
Não fiz questão de continuar a conversa. Se ele quisesse me tratar daquela forma, o problema era dele.
- Não é bem assim Anne. É que me incomoda te ver com aquele moleque. – sua voz parecia mais suave.
Ele riu e me abraçou. Eu ainda estava brava com ele, mas retribui o abraço.
- Descobriu alguma coisa sobre o que eu te mostrei? – continuamos andando pela trilha, eu já conseguia ver de longe a grande casa e a movimentação em torno dela.
- Não muita coisa, é realmente estranho isso. – ele parecia distante.
Como se não bastasse, mais alguma coisa estranha na minha vida. Talvez eu tivesse passado um dia muito estressante e aquele sonho tivesse sido um reflexo de tudo que passei.
Fiz de tudo para olhar o menos possível para todos que estavam ali, sabiam que todos os olhares eram para mim e Sam. Fomos direto para o escritório que Sam me levara ontem. Michael nos esperava lá.
- Boa tarde Anne. – olhei de relance para o relógio, eram quase duas da tarde.
Acenei com a cabeça e me sentei no sofá. Aquele lugar não me trazia boas lembranças. Descobri lá, boa parte das mentiras que eu vivi.
- Anne, antes de tudo queria te perguntar, esses sonhos, são freqüentes? – Sam perguntou.
- Se tornaram mais freqüentes recentemente, mas às vezes, como hoje, e ontem na sua casa – olhei para Sam – primeiro vem uma dor de cabeça muito forte e depois, é como se eu entrasse de novo nesses sonhos.
Michael e Sam se entreolharam.
- Eu vi o de ontem, na minha casa, foi estranho por que aquilo me parecia algo muito antigo, algo do dia... Que tudo aconteceu.
A tranqüilidade aparente no rosto de Michael foi quebrada com uma ruga de preocupação que surgiu na sua testa.
- Sam me contou, que você ‘assiste’ o que está acontecendo. – ele parecia procurar as palavras certas para usar- Não é você, Anne, que está lá, é como... – ele parou, me olhando intrigado.
- É como se eu estivesse no corpo de outra pessoa. – era ainda mais bizarro. Eu já sabia disto, aquele corpo era mais forte que o meu, e no sonho que tive essa noite, a julgar pelo reflexo no espelho, eu sabia de quem era. Eu tremi.
Sam e Michael estavam se olhando intensamente, como se pudessem se comunicar telepaticamente. Pensando em tudo o que aconteceu recentemente, isso não seria nada demais. Mais uma coisa bizarra, pro meu histórico.
- Na hora que eu estava com Matt – os olhos dos dois vieram instantaneamente para mim, Sam revirou os olhos, o ignorei. – A dor de cabeça voltou, e eu tive outro desse treco. – a palavra visão, me soava muito... Aberração.
Eles se entreolharam mais uma vez. Eles esperaram que eu continuasse.
- Foi estranho, por que dessa vez, não parecia ser o corpo de sempre. Ele era mais fraco. – eu tinha total convicção sobre isso. Sam veio em direção a mim, eu já sabia o que ele queria.
Ele segurou minhas mãos e aquilo me fez de alguma forma relaxar, eu me sentia bem perto de Sam. Fechei meus olhos tentando lembrar tudo o que eu tinha visto. Não precisei fazer muito esforço, a imagem da criança e da mulher estava presente na minha cabeça desde que as vi. Tentei me prender ao pouco que dava pra ser visto do rosto da mulher. Abri meus olhos e Sam estava concentrado me olhando intensamente. Ele olhou rapidamente para Michael e notei preocupação em seu olhar.
- Era Nicole. Eu tenho certeza. – Sam se embolou com as palavras ditas muito rapidamente.
- Quem é Nicole? – parecia que um balde de água gelada havia sido jogado nos dois.
- É impossível Sam. Nicole morreu faz 13 anos. – disse Michael, visivelmente perturbado.
- E se ela não tiver morrido? – o rosto de Sam não estava muito diferente do de Michael.
- Impossível. Eu vi o corpo dela. – Michael parecia convicto.
- Alô?! Eu estou aqui. Alguém pode me explicar quem era essa Nicole? – por um instante pensei que eles realmente não haviam reparado minha presença, por que eles me olharam espantados. Mas Sam sentou ao meu lado e começou a me explicar.
- Nicole era como se fosse uma espiã. Ela nos passava informações sobre o que Augustus tramava. Ela passou um tempo sem nos informar nada, isso foi logo depois daquele maldito ter te levado. – reparei que pela primeira vez, Sam, citara o nome de nosso tio. Augustus. Senti um arrepio ao ouvir seu nome.
- E se a Anne, não tivesse visto algo que vai acontecer, ou que esta acontecendo. Talvez ela estivesse vendo algo que já aconteceu. – o rosto de Michael parecia mais esclarecido. Bizarro. Ainda era muito bizarro.
- Pode ser isso mesmo. Na minha casa, ontem, ela pareceu ver o que tinha acontecido naquele dia.
- E isso é comum? Quero dizer, tem gente que vê coisas. Gente como vocês. – ok, admito que não conseguia pronunciar a palavra vampiros.
- Eu nunca havia visto algo desse tipo Anne. – Sam falou. Sua voz trazia um traço de orgulho ou algo do tipo.
- Nem eu. – achei que Michael poderia me salvar, ele parecia mais experiente, mas infelizmente não foi o caso. A palavra aberração ecoava em minha mente.
- Mas você Sam, seu dom. É comum entre vocês?
- Também não Anne. Acho que esse lance de um raio só cai em um lugar uma vez, não vale para nós. – Sam riu divertido, pra não deixá-lo mal, ri também, mas não vendo nenhum humor na situação.
- Não é tão comum para os vampiros terem esses dons especiais, é bem raro por sinal. – Michael ainda estava com a preocupação presente em seu rosto. – Então, é só Anne. Já está tarde e eu acho que você deve estar com fome. Sam vai te dar seu almoço. Só quero que me prometa uma coisa. Caso você tenha mais alguma dessas visões, peço que procure Sam ou eu imediatamente.
- Eu prometo. – dei um meio sorriso para ele. Em um piscar de olhos, Michael não estava mais ali. Se eu não ouvisse a porta se fechando de leve, juraria que ele havia se tele transportado.
- Velocidade é um dom que temos. Todos nós. – Sam provavelmente estava na minha cabeça novamente.
O silencio atingiu o local enquanto eu digeria mais uma característica deles. Drácula de Bram Stoker era fichinha perto de tudo isso. Meus pais me deram o livro no Natal passado. Só coincidência? Ou realmente eles sabiam de algo dessa loucura de vampiros.
- Não. – Sam interrompeu minha conversa interior. Na minha mente, de novo.
- Droga Sam, o lance de ler minha mente, é só quando eu pedir. Continuemos naquele mesmo esquema. Ignore a minha mente, que eu fico feliz. – minha voz saiu severa demais, mas realmente esta situação toda não me deixava muito contente.
- Desculpe. – seu olhar era sincero. – Você realmente me deixa intrigado. Não sabe a força que faço para tentar te ler. Esse lance de radio fora de sintonia me deixa... Frustrado.
- Mas então, eles realmente não sabiam de nada? – isso não fazia ficar melhor toda aquela situação que eu estava vivendo. Meus pais, ou melhor, aqueles que me criaram, tinham mentido o tempo todo para mim.
- Na verdade até pouco tempo, eu não sabia se você estava viva ou não. Algo dentro de mim tinha certeza que sim. – seu olhar estava vago. Ele pegou minha mão delicadamente e me fez levantar. – Vamos você já deveria ter almoçado.
Eu sabia que ele ia me contar alguma coisa. Então, não o questionei, nem nada. Ele me levou até a cozinha, meus dedos cruzados com o dele. Eu realmente me sentia bem ao lado dele, talvez fosse coisa de irmãos. Dei um meio sorriso a ele, mas ele parecia aéreo e não notou. No caminho até a cozinha, olhei para os lados, procurando Matt. Mas não o encontrei. Na cozinha, um prato do que me parecia peixe frito, me esperava. Eu não estava com muita fome, mas acabei comendo tudo. Estava realmente maravilhoso. Sam sentou na minha frente como fizera ontem à noite. Me observando silenciosamente enquanto comia. Notei que algumas vezes, seu rosto se tornava preocupado como se estivesse debatendo um conflito interior.
Depois, ele me levou até o andar de cima, onde ficavam os quartos e os banheiros, para que eu pudesse escovar meus dentes. Ele estava calado demais. De alguma forma isso me preocupava. Quando voltamos ao hall, a sala já estava cheia novamente. Não tão cheia quanto ontem, mas ainda tinha um numero considerável de pessoas, er... Vampiros. Sam me levou até perto de um pequeno grupo, que se localizava perto do lado norte do local. Uma grande janela de vidro mostrava a vista para um pequeno jardim. Sam logo mudou de expressão assim que chegamos mais perto do pequeno grupo. Ele finalmente estava sorrindo.
Um homem ruivo chamou a atenção dos que estavam ali, para a nossa aproximação.
- Ei cara, cadê a chave do meu bebezinho? – Sam pronunciou as palavras com uma pontada de orgulho.
O ruivo baixinho entregou uma chave grossa e dourada na mão de Sam.
- Seu motor está como estava antes. Só não tente chegar a mais de 200 por hora novamente está bem?! – a voz dele era rouca, mas mesmo assim aveludada. Os dois riram juntos.
- Vou fazer o possível. – a voz de Sam, desta vez trazia excitação. Ele me puxou, andando bem mais rápido do que antes.
Lá fora, percebi o que seria o ‘bebezinho’ de Sam. Ok, admito que em questão de carros eu era uma alienada. Mas não ao ponto de não reconhecer o símbolo da Ferrari no capo e nas rodas do carro. Era um carro lindo por sinal, o vermelho típico da Ferrari tingia o carro desde sua lataria até os bancos. Eu hesitei antes de entrar no carro. Sam já tinha ligado o motor que rugia sonoramente.
- Não vai entrar por que? – sua voz tons mais altos por causa do alto barulho.
- Vai mesmo cumprir a promessa de não passar de 200 não é? – eu tentei não soar tão infantil, mas foi em vão.
Ele riu puxando minha mão para que eu sentasse no banco. Assim que bati a porta, o casarão parecia se dissolver em meio a paisagem. O carro andava por uma estrada improvisada, e ele parecia andar cada vez mais rápido. Sam pareceu reparar na minha cara de assustada.
- Qual é Anne? Me diz a graça de se ter um carro assim, e andar no limite de velocidade? Além do mais, essa estrada fomos nós que criamos, então... Não tem limite. – um sorriso bobo em seu rosto. Ele parecia um menino feliz, que acabara de ganhar um carrinho de controle remoto dos pais. Só muda que o brinquedinho dele tem rodas cromadas, bancos de couro e um daqueles tubos de nitro. Ok, admito que aluguei Velozes e Furiosos vezes demais.
- Ninguém nunca achou aquela casa não? Ela não é nem um tanto pequena pra ser imperceptível. – o sorriso bobo aumentou quando perguntei.
- Na verdade ela foi encontrada bastantes vezes, mas sempre damos um jeito de manter o segredo, em segredo. – ele manteve o tom inocente, mas um arrepio passou pela minha espinha. Ele logo notou.
- A não. – ele deu um riso meio tímido. – Você entendeu errado. Vamos se dizer que todo humano tem seu preço pra manter a boca fechada.
Um alivio passou pelo meu corpo e eu relaxei.
- Estamos indo para onde? – tentei mudar de assunto.
- Você vai ver, estamos chegando. – ele pisou ainda mais no acelerador. De longe consegui ver o manto cinza que era o oceano.
Sam estacionou a poucos metros da areia. O clima ali parecia mais quente, mesmo com o vento forte batendo no rosto. Sam continuava apenas com a calça de moletom.
- Por que me trouxe aqui? – tirei os tênis para poder pisar na areia. Eu amava a sensação.
- Eu acho esse lugar fascinante. De alguma forma ele me faz esquecer tudo. – seu olhar estava vago.
Ele sentou na areia e eu o acompanhei.
- Foi Michael que te viu primeiro. – me virei para que ficasse frente a frente com ele. – Ele me ligou imediatamente. Eu estava na França, e peguei o primeiro avião para cá.
- Esse tempo todo, vocês não me procuraram? – minha voz saiu meio chorosa.
- Te procuramos por muito tempo Anne. Oferecemos imensas recompensas, mas pareceu que aquele maldito não queria que ninguém soubesse onde você estava. Muitos boatos foram criados em volta do seu sumiço. Eu fui até em um convento, no norte da Rússia. – ele me olhava intensamente. Ele parecia angustiado.
- Ei, mas agora eu estou aqui. E de alguma forma vamos arranjar um jeito de vivermos normais, no meio de toda essa loucura. – eu não sei se estava dizendo isso para ele, ou para mim.
- Claro que vamos. – ele me deu um sorriso otimista.
Passamos um tempo calado, com as ondas do mar preenchendo o silencio.
- Anne, você e... Matt. Não são tipo, um casal não é? – ele parecia meio envergonhado falando isso. Mas notei uma pontada de deboche em sua voz.
Senti meu rosto corar. Era meio estranho conversar isso com alguém, principalmente meu irmão mais velho.
- Eu não sei. – evitei olhar em seus olhos. Ele soltou um risinho abafado.
- Não sabe, mas quer? – agora dava pra notar o tom de preocupação.
- Você quer mesmo ter essa conversa?
- Ah Anne. Eu sou novo nessa parada de irmão mais velho. Coopera vai. – um sorriso tímido brotando no seu rosto.
- Vamos se dizer que eu gosto dele . - senti meu rosto formigar. Provavelmente eu estava na cor de um pimentão.
- Ah. – o sorriso desapareceu de seu rosto. – Eu já esperava isso. Você foi sincera, e eu vou ser. Não gosto de Matt.
- Eu já tinha percebido isso. Não entendo por que, ele é tão doce. – meu rosto formigou novamente.
- Com você ele é assim. Ele me odeia. Me culpa todo dia, por eu ter o transformado. – eu podia sentir a raiva em suas palavras.
- Ele não queria essa vida.
Sam deu uma risada, mas eu podia notar que não havia humor nela.
- É uma merda estar na mente dele.
- Imagino o quanto ele deve pensar bem de você. – disse acrescentando um tom de ironia.
- Não é isso que me incomoda. – suas bochechas ficaram levemente coradas.
- O que então? – a curiosidade mais uma vez latejando.
Ele me olhou meio constrangido.
- Ele fica imaginando vocês juntos. Juntos mesmo, se é que você me entende. Isso não é agradável. – ele abaixou a cabeça fazendo seus negros cabelos cobrirem seu olho. Mas eu podia ver seu olhar esperando minha reação.
- Você esta com ciúmes. – eu consegui falar enquanto ria. Era tão bom ter poder rir no meio de toda essa bagunça.
- Você é minha irmãzinha. Minha pequena. – ele levantou o rosto e suas bochechas estavam ainda mais coradas.
- E você é meu irmão. – me algum modo, pronunciar essas palavras me deixou mais leve. Eu me sentia mais feliz.
- Eu te amo Anne.
- Eu também Sam. – ele passou os braços pela minha cintura. E me abraçou calorosamente. O sorriso de menino mais uma vez em seu rosto. Um sentimento de alegria passou pelo meu corpo. Eu não me sentia mais solitária.
Eu fechei meus olhos, curtindo aquele momento. Aos poucos eu fui adormecendo. Algo maravilhoso aconteceu, eu finalmente pude dormir em paz. Sem sonhos estranhos, sem sentimentos alheios.
- Ei Anne. Acorde dorminhoca. – a voz gentil de Sam me acordou.
Notei que minha cabeça estava apoiada em sua perna e minha mãe junto a sua. Ele estava sorrindo. O Sol estava tomando seu alaranjado-por-do-sol. Eu estava toda suja de areia. Eu levantei rapidamente, me espreguiçando.
- Vamos? – Sam perguntou.
- Claro. – a areia parecia ter grudado no meu casaco.
A noite apareceu rápido, e antes mesmo que eu pudesse dar conta, a escuridão já havia tomado toda a estrada. Depois de alguns minutos pela estrada improvisada, pude ver de longe, as luzes da casa.
O lado de fora da casa, assim como a sala, estava estranhamente vazio a não ser por meia dúzia de vampiros que estavam perto da TV assistindo BBC. Para minha tristeza, Matt não estava com eles.
Sam fez novamente meu jantar. Ele realmente cozinhava bem. Ele permaneceu o tempo todo quieto. Eu estava sentindo algo estranho, como se fosse um sexto sentido, um pressentimento realmente ruim. Eu estava cansada. Toda essa mudança de vida era realmente exaustiva demais. Eu terminei de comer e pedi para Sam me levar até meu quarto.
- Boa noite Anne. – ele me beijou na testa, mas continuava com seu olhar distante.
- Boa Noite Sam.
Meu pescoço estava melhor, o vermelho forte tinha se tornado um pequeno rosado e não me incomodava tanto. Mas de alguma forma eu parecia diferente. O rosto que o espelho refletia, era mais bonito. Perecia mais iluminado. As maçãs do meu rosto pareciam mais salientes. Tomei meu banho rapidamente, e corri para a cama. Diferente de ontem, eu não me sentia tão solitária. Eu sabia que podia contar com Sam, e claro, com Matt. As palavras dele dizendo que me amava, desde a primeira vez que me viu, ecoaram varias vezes na minha mente. Meus olhos aos poucos foram ficando mais pesados e eu adormeci.
Infelizmente não havia sido como de tarde, um sonho sem visões-pesadelo. Eu sabia que aquele tormento ia começar. Estava muito escuro, eu não conseguia nem mesmo olhar para minhas mãos. O vento frio fazia a atmosfera ficar malévola. Eu me sentia... Excitada? Aos poucos a escuridão foi baixando, e eu pude ver que estava dentro de uma casa. A sala estava quieta, a não ser pela televisão ligada no mudo. No sofá estava um homem, cabelos grisalhos, aparentando ter uns 40 anos. Eu sabia que não estava ali, em corpo, era algo mais surreal. O homem dormia pesarosamente.
Creck. Um barulho na parte de cima da escada me assustou. Algo dentro de mim, mandava eu correr para ver do que se tratava. Eu era um fantasma, ou algo do tipo. O que quer que estivesse lá em cima, não me faria mal.
Eu subi as escadas correndo e no final do pequeno corredor, tinha uma porta semi-aberta e algo se movia lá dentro. A sensação de que algo ruim estava para acontecer parecia aumentar. Eu entrei no quarto silenciosamente, e entrei em choque no instante em que fiz isso. Eles estavam lá, meu tio e aqueles malditos encapuzados. Eles pareciam fazer parte da sombra que tomava o quarto. Augustus estava próximo a figura que dormia. Não dava para ver quem era de onde eu estava e minhas peras haviam congelado onde eu estava. Minha mão cobria minha boca, evitando em que eu chorasse alto, mesmo sabendo que eles não podiam me ouvir.
Seja quem fosse que estava na cama se moveu, fazendo todos que estavam ali se moverem ainda mais para escuridão. Menos meu tio, que não se moveu. Agora sim eu podia quem estava ali, a luz da Lua iluminou seu rosto. Era Alex, o menino da minha sala, e que eu estudei boa parte do meu colegial. Eu gemi de agonia, por não poder fazer nada. Algo passou por mim, um desejo, eu ouvia a pulsação de Ben tão claramente que parecia a batida de uma musica. Então eu entendi, eu estava sentindo o que aquele maldito estava sentindo. O desejo pareceu aumentar e eu focalizei o pescoço de Ben. Eu sabia o que ia acontecer em seguida, eu fechei meus olhos com tanta força que a minha cabeça latejava. O grito de dor de Alex ecoou na minha cabeça.
E então eu estava de volta ao meu quarto. A angustia me tomava por inteira e as lagrimas não paravam de escorrer. Eu precisava ver Sam. Talvez ainda pudesse fazer algo por Alex. Eu levantei rapidamente, ignorando minhas pernas bambas, elas pareciam que iam ceder a qualquer momento. Eu corri o máximo que pude até o andar de baixo, algo me dizia que Sam estava ali. Lutando para não tropeçar na escada. A sala estava cheia e como sempre todos os olhares vieram para mim, o que dessa vez era bem obvio pelo meu estado.
- SAM! – minhas ultimas forças foram gastas pra gritar o nome de Sam. Meus joelhos não agüentaram mais e eu sucumbi. Mas antes que eu pudesse cair, as mãos firmes de Matt me seguraram pela cintura.

4 comentários:

  1. "Só muda que o brinquedinho dele tem rodas cromadas, bancos de couro e um daqueles tubos de nitro. Ok, admito que aluguei Velozes e Furiosos vezes demais." UIDHASOIUDHASUIDH, elrimto cara
    aai *-* que lindo o cap Ana,
    nao demore tanto ;(

    beijos e quero mais Matt *--------*

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  2. Adorei! *--*
    Olha, uma personagem com o meu nome! *----*
    Ficou muito lindo o capítulo. ;)
    Ansiosa esperando o próximo! (yn)

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  3. Ah, antes que eu me esqueça...
    Eu sei que você não vai ler, mas enfim.
    Agora minha história está em:

    http://o-que-hoje-voce-ve.blogspot.com/

    Se puder/quiser acompanhe lá. ;)

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  4. Eu estou lendo a uns dias já, tentando chegar até aqui. Mas não andava tendo tempo, então só acabei hoje e caramba, essa história ta muuuito legal! Mal posso esperar pelo próximo capítulo!

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