sexta-feira, 23 de abril de 2010

Capitulo Vinte e Três - Bom pesadelo

Era forte demais pra eu conseguir ir contra e eu estava fraca demais para tentar, mesmo sabendo o que viria a seguir.
Mas dessa vez algo diferente aconteceu. Eu não estava na mente de ninguém, nem no corpo de outra pessoa. Eu não estava em lugar nenhum. Era tudo escuro, como eu tivesse fechado meus olhos e eles relutassem em abrir. Porém algo naquele lugar era familiar, não conseguia dizer como, nem por que.
- Bem vinda Anne. – uma voz fria foi soprada no meu ouvido.
O medo começou a me sufocar. Era ele. E ele sabia que eu estava aqui. Mas aqui aonde? Eu afastei esses sentimentos e tentei ser o mais forte possível.
- Onde eu estou? – eu não podia enxergá-lo, mas podia sentir sua respiração próxima a mim.
- Você não reconhece a própria mente? – sua voz trazendo um tom odioso de sarcasmo.
Minha mente? Então era isso. Assim como eu podia visitar a dele, ele podia vir até a minha.
- Você é realmente muito tolinha, pequena Anne.
- Não me chame assim.
Ele riu me fazendo ter arrepios.
- O que você quer? – me arrependi de ter perguntado assim que senti o prazer em sua resposta.
- Queria saber como anda meus sobrinhos. Odeio ser julgado como alguém que só quer o mal da minha família.
- Eu não sou da sua família. Nem eu, nem Sam. Você é um monstro. – minha voz começava a se tornar histérica e tive que respirar fundo algumas vezes para me acalmar.
Aquilo era extremamente insano e impossível. Eu estava dentro da minha mente e conversando com um sádico que queria por qualquer coisa, matar a mim e ao meu irmão. E por que tanta escuridão? Eu queria olhar em seus olhos e dizer tanta coisa, perguntar por que de tudo isso, já que aqui, ele não podia me machucar. Ou poderia?
- Eu não vou te machucar se é isso que você pensa. Eu só queria conversar. – disse ele, com uma calmaria suspeita.
Eu abaixei um pouco a guarda com medo de me arrepender disso.
- Sobre? – perguntei, cautelosa.
- Pelo visto vocês já sabem a verdade sobre Alex. Queria esclarecer de vez tudo para que essa ingratidão termine.
Uma risada breve escapou.
- Ingratidão? Como...
- Eu te salvei Anne, salvei você e aquele menino.
A frase demorou para fazer sentido. O silencio pareceu me sufocar duas vezes mais do que o medo que eu sentia pouco tempo antes. Eu passava e repassava tudo que Sam havia me contado.
- Você não me salvou de nada.
Foi a vez dele rir. Aquilo me deixou confusa.
- Sam me contou... – comecei a falar mas ele me interrompeu.
- Sam não sabe de nada. Ele era pequeno demais pra lembrar de qualquer coisa. O que ele conta... O que ele te contou, foi o que ele ouviu de outras pessoas.
Permaneci calada, esperando que ele continuasse.
- Alex tinha sofrido um acidente grave de carro, eu o salvei da morte.
O acidente... Ele tinha salvado Alex.
- Você foi algo diferente. Você estava doente demais e seus pais se negavam a ver isso.
- Você matou eles. – gritei reunindo todas minhas forças. Ele hesitou antes de responder.
- Sua mãe era um erro. Seu pai nunca deveria ter a conhecido. – disse ele friamente.
- Só por isso você a matou? Porque você a considerava um erro?
- Não vim aqui falar sobre minhas decisões passadas.
Eu queria gritar, pedir explicações, mas não conseguia. Era tudo muito estranho pra acreditar.
- Você disse que eu estava doente. – afirmei, tentando convencê-lo a voltar ao que falara antes.
- Sim, disse e sim, você estava. Você era frágil demais, seu corpo desde pequena não aceitava seus genes vampiros.
- Meus genes vampiros? Foi você que fez isso comigo! – eu estava cada vez mais confusa.
- Você é filha de vampiros. Você nasceu com uma pequena parcela desse genes. O que eu fiz foi outra coisa. – a frieza em sua voz era o que mais me causava ódio.
- Como você sabia que eu era doente, ou qualquer coisa? Sam me disse que você não sabia nem onde estávamos.
Ele riu daquela forma odiosa novamente.
- Já disse que Sam não sabia de nada. Eu sabia onde vocês estavam desde o momento em que Pietro fugiu com sua mãe.
- Mas...
- Anne, já disse que não vim até aqui para falar sobre essas coisas. Só queria esclarecer que eu não sou tudo isso que falam para você. – ele hesitou – E queria saber como você estava.
Ele não iria me convencer de que era bonzinho ou coisa do tipo, mas algo dentro de mim se manifestou. A duvida.
- Por que eu? Por que você tinha que fazer isso comigo? – choraminguei. Eu não gostava de demonstrar fraqueza perto dele, mas eu precisava de uma resposta.
- Você estava morrendo. Eu tive que fazer isso. – seu tom de voz mudara consideravelmente – Fiz primeiro com Alex, e havia funcionado. Você estava precisando de ajuda então testei em você também, mas tem algo errado.
- Algo errado?
- Naquela noite, percebi que seus genes vampiros evoluíram muito mais do que deveriam. Você esta fraca demais para tudo, e isso só tende a piorar.
- Sam... – eu pensei duas vezes antes de prosseguir, era certo eu falar essas coisas pra ele? Mas eu queria a verdade, e uma solução também, então precisava ser sincera – Eu estou me alimentando, de... Sangue.
- Enlouqueceu de vez? Isso só vai piorar as coisas. Você está alimentando o lado errado.
Aquilo fazia sentido e me desesperou ainda mais. Eu só estava piorando a situação. Mas eu iria conseguir parar com aquilo? Eu havia me tornado dependente daquela garrafinha.
- O que vai acontecer comigo? – perguntei desesperada.
- Isso só tende a piorar. Seu lado vampiro vai se manifestar cada vez mais. Você precisa ser transformada.
- Sam nunca vai permitir. Eu estou fraca.
- E vai ficar cada vez mais. –repetiu ele.
Droga, droga, droga.
Algo começou a acontecer, eu pude sentir sua presença ficando mais fraca.
- Eu não posso aguentar mais. – sua voz agora distante.
Eu só queria mais uma resposta.
- Espere. Só quero saber como você conseguiu isso. Me transformar, transformar Alex.
- Uma grande transfusão de sangue. Esperava que Sam descobrisse isso, mas vejo que meu sobrinho não puxou a inteligência do lado paterno.
- Mas se o sangue vampiro entrar em contato com o humano, isso me transformaria. – disse, confusa. Eu chegara a essa conclusão sozinha, graças ao que Michael me disse.
- Não se eu fizesse aos poucos.
E logo depois, eu fui puxada de volta.
Uma voz gritava meu nome sem parar. Eu abri meus olhos lentamente e pude ver o rosto de Sam me olhando preocupado.
Eu estava suada e gelada. Meu corpo doía, e eu me sentia cansada.
- Graças a Deus. O que aconteceu?
Eu ia começar a falar quando senti um forte gosto de ferrugem na boca, e um liquido quente escorrendo pelo meu pescoço. Olhei para Sam temendo que fosse o que eu pensava e o olhar dele confirmou.
Eu nunca o tinha visto daquela forma. Ele parecia faminto. Sam se afastou rapidamente indo em direção a porta.
- Precisamos levar ela para Leonard. – uma voz conhecida disse. Mas espera... Era Luke! O que ele estava fazendo ali?
- Ele tem que vir aqui. Não tem como eu levar ela até ele, e os que estão circulando pelos corredores?
- Libere os corredores, eu carrego ela.
Em seguida eu ouvi a porta batendo e uma gritaria acontecendo do outro lado dela.
- Ok, fiquei quieta. – a voz de Luke estava do meu lado. Senti meu corpo sendo levantado. Eu não conseguia ver as coisas com clareza mas podia ver alguns quadros passando em minha volta.
- Droga. – consegui dizer antes de chegarmos a uma sala branca que me lembrava a da outra casa.
Luke me deitou numa maca e Leonard veio até onde eu estava.
- Anne? Consegue me ouvir? – disse o medico.
Fiz que sim, com a cabeça.
Ele acendeu uma luz e pediu para que eu a seguisse com os olhos. Ele me entregou uma toalha úmida e pediu para que eu me limpasse. Minha blusa estava ensopada de sangue então não adiantou muito eu tentar limpar.
Sam estava do outro lado da sala, como uma pedra sem se mexer. A reação dele no meu quarto me assustara. Mas eu evitava pensar nisso caso ele estivesse-me ‘ouvindo’.
- Você está bem? – Luke me perguntou parecendo preocupado. Ele ia me convencer até eu cair na real, Luke... Preocupado... Comigo?
- A sim claro, tirando pelo fato de meio litro de sangue resolveu sair de mim a 5 minutos atrás, estou ótima. – disse sarcasticamente.
Ele pareceu ofendido e fingiu não ter notado minha hostilidade.
- Toma, você está fraca. – Leonard me entregou uma garrafa.
Eu estava prestes a protestar e dizer que aquilo era insano e que estava me fazendo mal, mas o cheiro veio até mim e minha mente só conseguia focalizar o liquido escarlate dentro dela.
Era errado? Sim. Só iria me prejudicar? Sim, também. Mas naquele momento eu necessitava daquilo. Eu bebi em um gole a garrafa inteira, eu precisava de mais e Leonard me deu. Três garrafas ao todo. Eu nunca tinha bebido tanto assim.
Como sempre, depois de terminado, me enchi de culpa. Monstro, aberração. Esperei que Sam viesse para o meu lado e me abraçasse até minha culpa passar. Mas Sam continuou imóvel olhando fixamente para Leonard.
Do outro lado da sala, percebi outro olhar em minha direção. Luke! Droga. Droga. Droga. Ele tinha visto tudo é claro, só tinha essa explicação para o olhar confuso dele.
- Sam? Vamos conversar lá fora. – o tom na voz de Leonard me deixou preocupada. Assim que a porta se fechou, eu virei para Luke.
- Nenhuma palavra do que você viu aqui. Nenhuma está me ouvindo? – ameacei.
- Você é humana. Como...
- Nenhuma palavra! Me prometa Luke, que eu te explico! – repeti.
- Eu prometo. – ele se sentou em um banco, mais perto de onde eu estava.
Hesitei antes de prosseguir. Era certo contar para ele? Mas eu já havia prometido, e ele tinha visto coisa demais para arriscar quebrar uma promessa.
- Eu sou meio humana, meia vampira.
- Isso é impossível. – disse ele incrédulo.
- Não, Não é.
Ele ficou calado, me olhando de uma forma estranha.
- Você não vai contar a ninguém não é? – insisti.
Ele fez que sim com a cabeça.
- Ninguém iria acreditar mesmo.
Eu sabia que não. Senti uma urgência em mudar de assunto.
- O que você estava fazendo no meu quarto? – o questionei.
Ele relaxou um pouco a cabeça e fez uma tentativa falha dos sorrisos debochados dele.
- Estava conversando com Sam, e esperando meu pai...
- Seu pai? – o interrompi.
- Oh Anne, sabe... Eu tenho pai... Mãe! Nunca te contaram a historia da cegonha? Sementinha? Ou qualquer outra? – pronto, ele tinha voltado ao normal.
- Eu quis dizer, quem é seu pai! Estúpido. – disse, revirando os olhos.
- Meu pai é Michael – disse ele cauteloso – Achava que você sabia.
Espera. Michael? Pai de Luke?
- Não, não sabia. – admiti.
- Como eu estava dizendo antes de você me interromper. Estava conversando com Sam, quando ouvimos você gritar. Você estava se debatendo como louca, depois se calou. Por alguns instantes pensei que estava morta. – disse ele.
Eu não me lembro de ter gritado em nenhum momento, mas talvez todo aquele esforço que inconscientemente eu estava fazendo para manter minha ligação com a mente de meu tio, estava fazendo com que meu corpo sentisse dor.
- Você não parecia ser muito fã de Sam. O que queria conversar com ele? – eu esperei uma resposta malcriada vindo dele.
- Sam tem que autorizar minha transformação.
Eu engoli seco.
- Você já fez sua escolha. – afirmei.
Ele riu.
- O que foi? – perguntei confusa.
- Você acha mesmo que há uma escolha? Pense Anne, você largaria tudo o que tem, toda sua família, pra viver com os humanos?
Eu balancei a cabeça.
- Isso é tudo uma forma pra dizer que não somos forçados a isso tudo. Mas quer saber? Eu não vejo a hora de me tornar um deles.
A forma doentia na voz dele me assustou.
- Eu tenho medo. – admiti.
Ele me olhou compreensivo.
- Você andou muito tempo com humanos, e eles possuem muitas historias sobre nós. Era de se esperar que você tenha medo.
Ele tirou o cabelo rebelde dos olhos e sorriu de uma forma estranha para mim. Eu desviei o olhar em direção a porta tentando decifrar alguns dos sussurros que eu podia ouvir. Uma pergunta ficou na minha cabeça.
- O que mais te atrai para essa vida? – a pergunta escapou. Me virei novamente em sua direção.
- Tudo. Poder, força... Imortalidade. – ele respondeu como se aquilo fosse obvio.
- Imortalidade? Como vocês são imortais? Meus avós morreram.
Ele sorriu de uma maneira nada agradável.
- Somos imortais até que cortem nossas cabeças. – ele disse isso naturalmente.
Um arrepio passou pela minha espinha só de imaginar cabeças rolando. Antes que eu pudesse perguntar mais qualquer coisa a Luke, a porta se abriu e a expressão de Sam fez com que meu coração parasse por alguns segundos.

Lágrimas rolavam por seu rosto, ele parecia muito mal. Eve estava ao seu lado segurando sua mão e pedindo para que ele mantivesse a calma. Meu peito doeu só de vê-lo daquela forma. Eu queria abraçá-lo e dizer que estava tudo bem, mas minha camisa ainda estava ensopada de sangue e lembrei como ele havia me olhado antes.
Leonard pediu para que Luke saísse da sala. Ele hesitou provavelmente sentindo que algo estava errado, assim como eu. Relutante acabou obedecendo e saiu dali. Antes ele acenou de leve com a cabeça, mas eu estava nervosa demais para responder.
- Se troque, temos que conversar. – Eve veio até mim e me entregou uma camiseta de malha preta e um moletom limpo. Ela apontou pra uma porta perto da maca e sorriu nada convincente para mim.
Eu sabia que tinha algo errado.

Tentei tirar ao máximo o cheiro de sangue que parecia entranhado na minha pele. Era engraçado o quanto aquele sangue não tinha nenhum chamativo para mim.
Quando eu sai do pequeno banheiro todos olhavam para mim. Meu rosto formigou e eu abaixei a cabeça, indo me sentar na maca novamente. Sam me surpreendeu vindo até meu lado e se sentando. Ele parecia mais calmo, e algo me dizia que isso era devido a Eve. Eu sabia como era o efeito calmante dela.
Sam franziu o cenho e segurou minha mão. Eu me senti mais tranqüila sentindo sua pele gélida.
- Precisamos conversar Anne. – seu tom de voz fez meu coração se apertar – Tem algo muito errado com você minha pequena.
- Nada daquilo que estávamos fazendo funcionou. Na verdade, no principio, tivemos resultado, mas agora a situação só piora Anne. – completou Leonard.
- Não entendemos o que está acontecendo, Anne. – recomeçou Sam – Se ao menos soubesse o que...
- Eu sei. – o interrompi.
Eu pude ver a surpresa no rosto deles. Eve pelo contrario continuou com seu rosto tranqüilo como sempre.
- Você sabe? – perguntou Sam com um tom de esperança.
Eu soltei minha mão que estava junto a dele e abracei meu joelho buscando forças para contar meu sonho.

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obrigada pelos comentarios, gosto muito de ver as opiniões de vcs!
que tal vocês darem opinião do final que vocês querem? quem sabe alguem acerta HAHAHAHA
e sim, já estamos entrando na reta final! faltam uns 5 capitulos no máximo :O
s2

9 comentários:

  1. Deuss ! Só cinco capitulos !! Vai ter continuação?

    Gostei desse!! E queria saber o por que de estar piorando as coisas com a Anne !! Eu acho que pode ser no final que ela e o Alex vão ficar com o tio dela se tiver continuação se não eu acho que ela vai ser transformada em um luta ou algo do tipo ...

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  2. Sim sim, eu pretendo escrever o livro dois e quem sabe o livro três ! *-*

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  3. amei esse capitulo, ah eu queria que ela ficase super amiga do Alex ai o Matt ficasse com ciumes, ia ser legal :D

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  4. Amei vou ler todos os que vc escrever.
    O Alex como eu percebi ele podia se apaixonar por Anne e lutar até o fim pelo amor de Anne á o mitt podia ser sequestrado pelo titio de Anne em vez dela ai Sam percebe a vai sauvar o Matt ou alguma coisa .

    o matt nem apareceu nesse capítulo

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  5. vc podia colocar alguém com o nome Melissa parece nome de vampira .

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  6. Quando vem o proximooo? i.i
    Tá muito boa a história, parabéns.
    Continue escrevendo porfavor! :)

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  7. Tah muito perfeitooooooooooooooooo' xDDD

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  8. aaaaaa, leitora novaa!
    quero mais *-*

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  9. Gente cade mais ?? Faz Móóh tempao que to aqui curiosa .. naverdade eu acompanho desde que vc posto o cap. 15 .. mas to ficando bastante curiosa pq esse livro Prende agente .. é igual assistir um filme de mistério e parar de ver quando chega no final >.<' .. Quando vai ter mais Moore. ??

    Bjss ~*

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