sábado, 12 de junho de 2010

Capitulo Vinte e Quatro - Sete dias

Eu não conseguia decifrar nenhuma expressão no rosto dos três quando terminei de contar. A verdade contada em voz alta pareceu muito mais dura para mim. A morte era minha única saída?
Eu senti uma consciência tranqüilizadora tocar a minha e a afastei. Eu precisava de um momento sozinha. Eu olhei para Eve e uma ruga de preocupação havia se formado em sua testa.
- Eu não consigo ver nenhuma solução a nossa frente desta vez. – disse Leonard.
- Mas eu consigo. – disse confiante.
Sam nesse instante se afastou de mim como se eu tivesse acabado de dizer a coisa mais absurda do mundo.
- Nem pense nisso, Anne. Não mesmo.
Eu soltei uma risadinha sem humor.
- É a única solução e você sabe muito bem disso.
- Você está fraca demais. – ele me olhava suplicante.
- E amanha estarei mais, e depois de amanha, mais e mais e mais. Essa situação só vai piorar Sam, vamos acabar com isso uma vez por todas.
- Não Anne, você não entende. – sua voz se tornou um sussurro quase que inaudível, como se aquelas palavras o ferissem profundamente – Você pode morrer Anne. Morrer.
- E irei morrer se não fizermos isso. – ele sabia que isso era verdade e terminou aquela discussão me puxando para um abraço. Eu enterrei meu rosto no seu peito e tentei me convencer que tudo ficaria bem, mesmo sabendo que seria remota a possibilidade de que isso acontecesse.
Alguém bateu na porta, mas nenhum de nós dois fizemos menção de se mover e sair daquele momento. Vendo isso, Eve se levantou e atendeu quem é que estivesse ali.
- Anne? – eu reconheci a voz de Matt. Oh Matt, eu tinha medo da reação dele assim que contassem o que estava acontecendo e desejei por alguns instantes que ele ficasse fora disso tudo. Mas era impossível. Ele teria que saber de tudo, até da minha alimentação extra.
Eu estremeci com essa idéia e enterrei ainda mais minha cabeça em Sam.
- Anne? – seu tom de voz agora diferente notando que algo errado estava acontecendo.
Eu não conseguia dizer nada, então tentei algo que já havia dado certo.
‘’Sam?’’ pensei, tentando me comunicar via pensamento.
Ele me apertou mais forte, em resposta.
“Sam, ele tem que saber de tudo. Conte para ele.”
- Eve vai fazer isso. – ele sussurrou no meu ouvido.
E então eu esperei que ela fizesse. Tentando escutar o mínimo do que ela falava e as reações dele.

Um barulho forte me tirou do meu refugio nos braços de Sam. Me virei para ver uma mesa de madeira que até pouco tempo estava perto da porta do banheiro, despedaçada no chão. Sam me puxou para trás dele de maneira protetora.
- Se acalme Matt.
Desviei meus olhos até ele que parecia confuso e prestes a desmoronar. Tentei dar um passo até ele mas Sam se pôs na minha frente, impedindo que eu andasse.
- Ele não vai me machucar.
- Eu não teria tanta certeza. – disse Sam. Empurrei seu braço, e avancei em direção a ele ignorando o que Sam acabara de dizer.
Eve se postou a minha esquerda, pronta para ajudar se algo acontecesse. Mas nada daquilo me abalou.
Eu andei até Matt sem medo de que ele fizesse qualquer coisa comigo. Seus olhos estavam presos na parede do outro lado do lugar, mas eu sabia que nada ali estava prendendo seu interesse. Segurei seu rosto gélido em minhas mãos, obrigando-o a olhar para mim.
- Matt...
- Eu não posso te perder. – sua voz quase inaudível. Uma lagrima escorreu pelo seu rosto e eu a limpei.
- Você não vai me perder.
Mas nem eu tinha certeza disso.
Sam junto a Leonard me encheram de restrições. Eu não poderia fazer esforço de forma alguma, nem muito menos deixar de me alimentar, da forma normal claro. Mesmo sabendo o quanto aquilo era horroroso, outra parte de mim sabia que eu sentiria falta dessa outra alimentação. Ela me fazia mal e me levava cada vez mais para o abismo da morte, mas eu não podia negar o quão era bom o prazer momentâneo que ela me causava. Fiz de tudo para escapar de pensamentos como estes.
- Sam me falou da ta reunião de hoje a noite. – disse Alex me desviando dos maus pensamentos que resolveram me atormentar novamente de manha.
Eu estava em um dos meus passeios matinais ao quarto de Alex. Eu viera mais cedo dessa vez para contar todos os acontecimentos de ontem a ele. Ele tentou se mostrar paciente, mas eu podia ver a apreensão em seu rosto, provavelmente por parte de que se eu estivesse morrendo, ele também poderia.
- Você está bem. – tranqüilizei-o – Essa droga é só comigo.
Mesmo assim, ele não pareceu tão aliviado depois disso.
- Oh, essa reunião. – disse, vendo sua necessidade de mudar de assunto – Sam está me obrigando a ir.
Ele sentou ao meu lado como de costume.
- Ele pediu para que eu fosse. Mas não sei se estou pronto para sair daqui. – disse ele, apoiando a cabeça na parede e olhando para o teto pensativo.
- Você já está a bastante tempo aqui. Mais quanto demorará a se acostumar, Alex?
- Hey pequena, você é a única que consegue se acostumar tão rapidamente com o fato de ter vários vampiros colados a sua volta. – disse ele sorrindo, e despenteando meu cabelo.
Eu retribui o afeto, sorrindo para ele.
- Já disse que não gosto de ser chamada de pequena. – disse fingindo, sem muito sucesso, uma cara de raiva.
Ele riu de um jeito besta que me fazia sorrir ainda mais.
- Então cresça.
Eu o empurrei e ele fez o mesmo. Afastei o cabelo despenteado do meu rosto. Alex me surpreendeu pegando uma parte do meu cabelo e colocando atrás de minha orelha.
Minha respiração parou alguns segundos, sentindo o toque quente de suas mãos. Droga, o que estava havendo de errado comigo?
Alguém tossiu perto da porta, quebrando o silencio e clima, ambos constrangedores, que havia se formado.
Era Matt, nos olhando com uma expressão indecifrável no rosto. Seus braços estavam cruzados, e seu corpo rígido. Ele cerrou os olhos e logo depois disse que Sam queria falar comigo. Notei que ele alternava o olhar entre Alex e mim.
- Vamos. – disse eu levantando, puxando Matt comigo. Eu não estava gostando nada de seu olhar. Ele permaneceu parado, como uma estatua não se movendo nem um centímetro apesar de eu usando de toda minha força para movê-lo. Ele lançou um ultimo olhar frio para Alex, e começou a me acompanhar. Eu só consegui acenar para Alex, em sinal de despedida.
Matt permaneceu daquele jeito estranho até chegarmos perto do quarto de Sam onde ele parou e começou a me lançar um olhar nada bom.
- O que houve? – indaguei – Até ontem você não estava assim.
- Até cinco minutos atrás eu não estava assim. – disse ele friamente.
- O que está acontecendo com você? Matt?
- O que está acontecendo comigo? Comigo? Tem certeza Anne?
Eu não tive tempo de retrucar sua resposta. Sam apareceu no corredor.
- Algo de errado? – perguntou Sam.
- Não sei, pergunte para ele. – disse, apontando para Matt. Eu estava aborrecida, e tratei andar mais a frente, chegando ao quarto de Sam primeiro.
Sam chegou sozinho. E fechou a porta logo que entrou, deixando a entender que Matt não viria. Sentei na cama, procurando me fazer de despreocupada, mas não funcionou.
- Esqueça isso, Anne. – disse Sam, com um ar divertido no rosto.
- Só queria entender o que fiz de errado.
- Você não fez nada. É somente paranóia do seu namoradinho. – disse ele, parecendo ainda mais divertido.
Pra que isso? Não via graça nenhuma na situação estranha que Matt estava fazendo. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, percebi uma mudança repentina no rosto de Sam, que agora ficara serio outra vez.
- Andei pensando na solução que você me deu ontem.
Demorei um tempo para entender o que ele estava falando. A transformação. Meu coração disparou e pude começar a sentir um leve suor em minhas mãos.
- E então? – perguntei apreensiva.
- Você está certa. A cada dia você fica mais fraca, e cada vez mais fica arriscado tentar isso.
Eu assenti, concordando com a cabeça, incapaz de dizer qualquer palavra.
- Eu farei.
Silencio encheu o quarto e minha cabeça agora estava a mil. Era isso que eu realmente queria certo?
- Mas... – começou Sam.
Eu revirei os olhos. Era claro que havia um ‘mas’, ‘porém’.
- Uma semana Anne. Só preciso desse prazo, e então, farei.
- O que você vai ganhar adiando isso por uma semana Sam?
Ele hesitou.
- Leonard está trabalhando num antídoto. Algo que fará essa sua outra parte morrer aos poucos, até que você se torne humana novamente, fazendo com que seu corpo se torne estável, e você possa ser transformada da maneira certa, sem tantos riscos. – ele fez uma pausa, avaliando minhas expressões – Mas não é nada certo que Leonard consiga, por isso dei esse prazo a ele. Caso funcione, ótimo, caso não...
Era claro que ele não estava nada bem com a idéia de me transformar daquela forma. A possível segunda opção me deixou um tanto aliviada, mesmo sabendo que havia tanto chances dela acontecer, como havia dela dar errado.
- Tudo bem Sam. Uma semana.
Ele sorriu superficialmente.
- Então, você vai na reunião de hoje? – disse Sam, mudando repentinamente de assunto.
- Tenho outra opção?
Dei a Sam um breve sorriso, não conseguia mais que isso. Minha mente só conseguia repetir: sete dias.

O sol estava se pondo e Sam havia me avisado que eu poderia descer a partir daquela hora. Eu estava criando coragem para isso. Socializar era uma palavra extinta no meu dicionário, e eu sabia que nessa tal reunião que Sam dissera, eu teria que fazê-la.
Eve passara mais cedo aqui, pra me ajudar a escolher alguma roupa para usar. Aquilo me lembrou Louise, e senti um leve aperto no peito. Mas eu sabia que Eve não estava lá somente para me ajudar a escolher algo para usar, por que quem se importa com isso? Eu estava muito bem com meus jeans e moletons.
Todo tempo que ela permaneceu aqui, eu sentia a consciência dela de encontro a minha. Sam a mandara vir me checar, tinha certeza. Fui convencida, ou melhor, obrigada a ir com uma roupa que eu nunca pensaria em usar. Um vestido estampado com minúsculas flores lilás e azul, que eu achei curto demais e convenci Eve de me deixar ir com uma calça apertada (argh!) por baixo. Ela escolheu sapatilhas praticamente do mesmo tom que o vestido, e um cardigan branco com delicados botões.
O resultado não ficou tão ruim, mas mesmo assim, não conseguia me ver ali. Novamente, parecia tão diferente e distante daquela antiga Anne.
Alguém bateu na porta, e logo depois Sam entrou.
- Pronta?
Dei uma ultima olhada no reflexo do espelho e assenti.

Por mais que eu estivesse incomodada era impossível eu não apreciar como conseguiram transformar o hall que antes parecia algo do século passado em um ambiente de festa descolado. Metade do lugar estava repleto de cadeiras e mesas, estas estavam forradas com um pano prata e tule branco. Varias luzes coloridas estavam instaladas perto delas dando cores diferentes a cada minuto.
Do outro lado, bem o outro lado se tornara uma pista de dança com vários efeitos de luz. A musica estava tocando a todo vapor, o chão estremecia de tão alta que estava.
- Reuniãozinha, RÁ! – disse brava olhando para Sam.
- Ei, relaxa. De verdade. Você precisa disso. – ele estava sorrindo e aquilo me agradou.
Reparei em suas roupas. Ele usava uma cala jeans escura, uma camisa branca de botões e um blazer preto aberto.
- Eve? – perguntei automaticamente.
Ele abriu ainda mais seu sorriso.
- Sim. Eve.
Tentei encontrar em meio a multidão Matt. Eu não gostei de como as coisas estavam entre a gente.
- Matt não chegou. Ele estava muito irritado e saiu pra correr pouco tempo atrás. – lancei a Sam um olhar irritado, e ele entendeu o recado. – Desculpe, não consigo evitar.
- Sam? – uma voz desconhecida gritou do meio da multidão.
Era um garoto, mais ou menos da idade de Sam, loiro e baixo. Ele piscou e sorriu abertamente para mim.
- Espere um minuto Cameron.
Ele acenou e voltou para onde a maioria estava.
- Tenho que conversar algumas coisas com ele. – Sam parecia hesitante – Você vai ficar bem sozinha?
Revirei os olhos.
- Claro Sam, como eu poderia me machucar dançando e conversando com vários vampiros?
- Seu senso de humor melhorou consideravelmente. –disse ele, brincando.
- Que bom, não?
Ele não respondeu. Senti uma inquietação em seus movimentos.
- Diga. Te conheço o bastante para saber que algo te incomoda, Sam.
- Não caia na tentação, está bem? – disse ele, como um jato.
Demorei um tempo para entender e foi um casal de vampiros perto de onde estávamos que me deu a resposta. Ambos seguravam garrafinhas de vidro vazias. Eu respirei fundo.
- Certo Sam. Sei me controlar. Agora vá, ficarei bem. – disse, tentando manter meu rosto sem expressão.
Ele dessa vez foi, mas ainda não muito convencido em me deixar sozinha. Antes de chegar no ultimo degrau da longa escada, ele se virou, dessa vez com um sorriso tímido no rosto.
- Tem uma surpresa escondida por ai para você. – e depois voltou a andar em direção a Cameron.
Uma surpresa? Que tipo de surpresa? Desci os degraus rapidamente, com a curiosidade a toda.
Eu procurei pelo salão inteiro, olhando até mesmo no chão a procura de o que quer que fosse que Sam falara. Decepcionada, agarrei o frio colar que pendia no meu pescoço e comecei a andar, procurando algum lugar para ficar, ignorando como sempre, os olhares que eram dirigidos a mim.
Eu estava prestes a me sentar em uma cadeira vazia perto da entrada onde pudesse enxergar o lado de fora, quando notei alguém sentado sozinho próximo de onde eu estava. Era Pablo. Seu rosto estava abatido e não ele não se parecia nem um pouco com aquele cara alegre que eu havia conhecido. Ele parecia... Mais velho. E cansado.
Sentei ao seu lado, não sabendo se estava fazendo o certo ou errado.
- Hey Anne. – ele me deu um sorriso fraco, nada comparado aos de antes.
Eu acenei com a cabeça, começando a ter certeza que foi um erro ir falar com ele. Aquilo só me deixaria mais mal em relação ao que havia acontecido.
- A culpa não foi sua Anne. Nem minha, nem de ninguém. Ela só fez as escolhas erradas. – disse Pablo, olhando diretamente para mim pela primeira vez. Ele não parecia convincente dizendo isso.
- Lê mentes também?
Um breve sorriso passou novamente pelo seu rosto.
- Não preciso ler mentes para ver isso em seu rosto. Tente parar de se culpar pelas coisas que acontecem.
- Vou tentar. – disse sabendo que seria quase impossível eu parar de me culpar com as coisas que aconteciam.
Eu começava a entrar novamente em meus pensamentos sobre meu destino quando Pablo me desligou deles.
- Ei, parece que seu amigo finalmente tomou coragem para descer. – ele comentou, apontando para o canto oposto de onde estávamos.
Demorei alguns segundos pra realmente entender que Alex estava ali, misturado com várias pessoas. Eu podia sentir um sorriso bobo se espalhando pelo meu rosto. Mas ele não durou nem um segundo após perceber com quem ele estava. Luke e seu grupinho idiota.
Mesmo tendo se mostrado completamente diferente ontem, após o que havia acontecido, minha opinião sobre ele não havia mudado completamente e ver Alex com ele, e parecendo divertir-se.
- Eu... Eu preciso ir. – disse levantando abruptamente.
- Se cuida Anne. – disse Pablo, parecendo confuso com a minha reação.
- Você também.
Eu cruzei o salão em questão de segundos, forçando um sorriso amigável no rosto, que logo se desfez ao reparar na expressão provocadora que voltara ao rosto de Luke. Alex diferentemente sorria abertamente.
- Você tinha razão, e eu finalmente desci! Gostou da surpresa? – disse ele assim que estava perto o bastante para ouvir apesar da musica alta.
Eu não respondi, olhando furtivamente para Luke. A garota loira novamente atracada com ele, e me olhando com certo desprezo. Mas eu a ignorei.
- O que nos dá a honra de sua presença? – disse Luke, usando o tom mais odioso possível em sua voz.
- Vamos Alex. Ele não é uma boa companhia.
Alex continuou parado onde estava, com uma expressão confusa, tentando notar se havia perdido algo na historia. Luke largou a garota loira e deu alguns passou na minha direção ficando a poucos centímetros de mim.
- Não sou uma boa companhia, huh?
- Em geral quando você está com seus amiguinhos, usando esse tom de voz babaca e esse sorriso odioso, sim... Você é uma má companhia.
Ele soltou um riso e torceu a boca fazendo uma careta.
- Você se arrisca muito, sabe disso? – eu sabia que não demoraria a ele jogar na minha cara as coisas que haviam acontecido ontem. Minha expressão desafiadora vacilou e ele se aproveitou disso chegando mais perto e falando num sussurro.
- Eu te prometi que não faria, e não vou. Só estava testando seu nível de paciência.
Trinquei os dentes e dei um passo para trás, aumentando o espaço entre a gente.
- Ótimo, espero então que tenha notado que ele é baixo.
Eu lancei um ultimo olhar zangado a ele, e me dirigi até Alex que continuava com uma expressão confusa. Eu acenei para que ele me seguisse, e ele fez não falando nada até que eu sentasse numa mesa do outro lado do salão perto de onde Pablo estava, minutos antes. A mesa agora vazia.
- Você e Luke, não se dão então. – afirmou Alex, sentando numa cadeira ao meu lado.
- Ele gosta de fazer um papel de líder na frente dos amiguinhos dele.
- Ele não me pareceu ser má pessoa na verdade. – disse ele cauteloso – Sam foi com ele mais cedo no meu quarto e ambos conseguiram me convencer a sair de lá.
- Foi bom você ter descido. – disse sinceramente, sorrindo. A raiva começava a se dissipar e finalmente consegui relaxar.
- Ele tem uma maneira peculiar de pensar.
- Ele quem?
- Luke. – disse Alex olhando com curiosidade para os vampiros dançando na pista.
- Temos realmente que falar dele? – disse voltando meu corpo em sua direção – Ele é um babaca.
Alex virou para mim com uma expressão pensativa no rosto.
- Desculpe, não vamos falar se você não quiser. Eu só fiquei intrigado com algumas coisas que ele me disse.
- Que coisas? – perguntei relutante.
Alex fez uma careta antes de continuar.
- Sobre se transformar... Em um deles. – ele acenou levemente em direção a pista de dança.
- Ah.
Eu abri a boca para falar alguma coisa, mas fechei logo em seguida. Estar com Alex me trazia de volta ao meu mundo antigo e falar de vampiros com ele era no mínimo estranho. Nós éramos humanos, os verdadeiros peixes fora d’água daqui por que mal ou bem, o resto dos humanos que aqui viviam, tinham sido criados juntos a eles e estavam acostumados com as coisas que aconteciam aqui.
- Luke é aficionado nisso realmente. – disse por fim.
- Ele me perguntou se era isso que eu queria também, e por alguns segundos eu considerei essa opção. – confessou-me.
- Você não precisa fazer isso. Você não tem nada que te prenda a esse mundo. – disse, cortando um guardanapo em pequenos pedacinhos inconscientemente.
- Talvez não. Talvez eu esteja ligado mais do que posso querer. – sua voz falhava um pouco e percebi que ele já havia pensado nisso diversas vezes, pela forma que falava.
- Você tem uma opção. Eu não. – eu engoli em seco antes de prosseguir. – Uma semana. Daqui a uma semana eu serei um deles.
Eu avaliei cautelosa a sua expressão e por mais incrível que pareça, ele não pareceu surpreso com o que eu havia dito.
- É a sua única opção não é?
Eu assenti com a cabeça.
- Diferente de você, que tem mais de uma. Nada te prende a esse mundo. – repeti.
Ele franziu o cenho e me olhou de uma forma intrigante.
- Talvez haja alguém que me prenda.
Meu coração parou por alguns segundos sentindo minha cabeça dar mil voltas.
- Eu não deveria ter dito nada disso. – disse ele se levantando – Eu...
Eu segurei seu braço não o deixando sair dali. Eu estava prestes a falar qualquer coisa que minimiza-se a situação quando um casal saindo da pista passou pela nossa frente. A mulher, vampira claramente, esbarrou em uma das mesas e deixou cair o que segurava na mão.
O barulho foi abafado pela musica. Mas poucos segundos depois eu pude identificar o que havia caído. O chão perto de onde eu estava em poucos segundos assumiu uma tonalidade carmim e o cheiro doce chegou até mim.
Eu estava com a guarda baixa, e tinha sido pega de surpresa. O cheiro irresistível começou a tomar conta de mim me fazendo perder meus pensamentos pela metade e me concentrar somente naquilo. Meus pés deram um passo automaticamente me afastando de Alex.
Minha mente clareou poucos instantes antes de eu dar outro passo em direção ao liquido e foi o suficiente para eu colocar a minha cabeça no lugar e repetir que aquilo era errado. O ambiente a minha volta começou a ter sentido novamente e consegui virar para onde eu estava antes.
Alex não pareceu notar o que havia tirado minha atenção, provavelmente achando que eu só estava tentando digerir o que ele me dissera. Mas não tinha sido nada demais. Ou tinha? Ele só estava confuso.
- Preciso comer alguma coisa. Vamos. – disse dando a ele um sorriso fraco, mas encorajador.
Sam deixara algumas coisas preparadas na geladeira. Alguns sanduiches bastaram para nós dois. Por mais que a poucos minutos eu tivesse me sentido extremamente estranha com o que Alex dissera, agora mesmo com nós dois a sós na cozinha, eu não me sentia constrangida.
- Seu namorado não está aqui porque? – perguntou Alex enquanto voltávamos ao barulho da festa que agora parecia ter reunido mais gente.
- Faço a mesma pergunta.
Alex entendeu que eu não queria falar sobre o assunto e fez bem. Eu iria conversar com Matt serio assim que ele chegasse. Se ele deixasse de ser criança e viesse falar comigo, é claro.
Andamos sem rumo. Não sabendo o que fazer agora. Alex virou e ficou de frente a mim. Um sorriso divertido brotando no canto de sua boca. Ele acenou de leve em direção a pista de dança, esperando que eu viesse a entender o que ele queria.
- Oh não – disse balançando a cabeça, com uma expressão de choque – Isso não.
Seu sorriso aumentou e eu dei as costas começando a voltar em direção a cozinha pelo caminho que viemos. Ele me puxou pelo ombro de volta.
- Por favor, Anne. Vai ser divertido, anda. – ele parecia realmente convencido nisso.
- Não vai ser nada divertido me ver caindo no chão que nem uma pateta.
Ele me jogou um olhar implorativo.
- A não você também não. – abaixei meus olhos até o chão, sabendo que iria ceder.
- Eu não o que?
- Esqueça. Esqueça isso e eu dançar, ali. – apontei em direção a pista de dança.
- Por favor. – esse olhar não. Droga, droga, droga.
Eu não retruquei mais nada e Alex viu aquilo como algo bom e cautelosamente começou a me arrastar para pista.
Bom, não sei que diabos deu em mim e eu deixei. Minha mente começou a trabalhar vendo como a última vez que eu pudesse fazer aquilo. E talvez fosse. Daqui a uma semana eu poderia estar morta se as coisas não dessem certo.
Um senso de urgência a me divertir me tomou e eu comecei a dançar junto a Alex que gostou da minha mudança de vontade.
Eu não era o que podia se dizer uma perfeita dançarina e prova disso foi a diversas vezes que eu tropecei e quase cai, para diversão de Alex. Uma delas foi pro causa de Sam que me viu e sorriu surpreso, os poucos segundos que eu me distrai foram suficientes para um desequilíbrio.
E valeu a pena. Não em divertia dessa forma mesmo antes de tudo acontecer. Eu arrisquei dançar e não foi tão mal assim como pensei. Eu agradeci a Alex mentalmente por ter feito aquela proposta, não querendo admitir que ele estava certo.
Mas não precisei dizer nada. Ele notou pelo modo que eu sorria quando ele me deixou na porta do meu quarto já tarde da noite.
- Boa noite, Alex. Durma bem. – disse me despedindo.
- Você também Anne. – ele começou a se afastar e eu esperei ele virar o corredor para fechar a porta.
O cansaço me atingiu logo em seguida. Meu corpo parecia pesado demais para eu conseguir mover sem me cansar. Me adiantei em colocar um pijama quente e confortável e ir direto para cama.
Eu mal havia encostado a cabeça no travesseiro quando uma batida de leve na porta me fez levantar. Eu estava prestes a levantar da cama e ver quem era quando uma voz conhecida preencheu o quarto.
- Anne? Já está dormindo?
Eu encostei a cabeça novamente no travesseiro e levei o edredom até cobrir minha cabeça inteira.
- Não, Matt. E mesmo se eu tivesse você teria me acordado. – disse, satisfeita pelo meu tom de voz demonstrar que eu não estava nada satisfeita.
Ele demorou a responder o que me fez pensar se ele ainda estava ali.
- Posso entrar? – sua voz estava tranqüila. Eu podia odiá-lo pelo modo infantil que ele havia me tratado antes, mas ainda sim era ele. Meu Matt.
- Se quiser.
Eu terminei de falar e no instante seguinte eu o sentia deitar na cama, ao meu lado e me abraçar pelas costas. Ele encostou sua boca em minhas orelhas.
- Me desculpe. Por tudo.
Eu tentei esconder um sorriso que involuntariamente preencheu meu rosto.
- Por ter sido um idiota e me largado mais cedo?
Pude sentir seu corpo ficando mais relaxado ao ouvir minha voz tranqüila deixando de lado a hostilidade.
- Sim. Me desculpe.
- Por ter deixado de ir à festa absurda de Sam mais cedo?
Eu sabia que ele agora sorria mesmo não conseguindo ver seu rosto.
- Sim. Me desculpe por isso também.
Eu puxei seus braços para mais perto de mim.
- Te desculpo por tudo.
Eu bocejei e Matt começou a se afastar.
- Durma. Você está tendo dias cansativos. Precisa de bons sonhos.
Eu me virei pela primeira vez vendo seu rosto iluminado pela Lua.
- Fique aqui. Só essa noite.
- Sam não vai gostar nada disso. – disse ele serio. Mas eu podia jurar que havia diversão em sua voz.
- E desde quando você liga para o que Sam gosta?
Eu não precisei dizer mais nada. Ele deitou novamente na cama, agora entrando embaixo das cobertas que eu estava.
- Mas você precisa dormir.
Eu o abracei fortemente, encostando minha cabeça eu seu peitoral. Me envolvendo no silencio.
- Anne? – sussurrou Matt.
- Sim.
- Eu te amo. – a intensidade com que ele disse aquelas palavras me fez parar de respirar por alguns segundos.
- Eu também.
Eu fechei meus olhos esperando o sono vir e antes que isso acontecesse, minha mente entrou naquele modo replay desagradável das palavras de Alex: Talvez haja alguém que me prenda.

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Oi gente, desculpe a minha falta mais um vez. Escola acaba com qualquer tentativa de vida pós ela HAHAHA mas eu estou fazendo o possivel para conciliar as coisas.
Agradeço mais um vez a todos vocês que lêem meu livro. Agradeço MUITO mesmo.
Queria pedir os favores de sempre. Quem puder comentar falando o que achou, gostando ou não.
Outra coisa é quem lê o blog, se puder segui-lo, seria legal pra eu ter uma ideia de quantas pessoas lêem.
Adorei os comentarios e suposições que vocês escreveram no ultimo capitulo e quem quiser continuar, estamos aê HAHAHAHA :)

Bem, sendo um pouquinho chata, volto a pedir que entrem na comunidade do livro. Se quiserem dar sugestões e etc, pode ser por lá tambem.
http://www.orkut.com.br/Community?cmm=59609542

escrevi tambem um trecho de uma possivel nova historia. é um rascunho apenas.
http://www.orkut.com.br/CommMsgs?cmm=59609542&tid=5474558138078878408&start=1
se puderem comentar tambem , agradeço.

Falta pouco pro final.
Espero que gostem desse capitulo.
Beijos Doces,
Ana Cardoso

13 comentários:

  1. que bom que você voltou, estava com saudades já !
    e eu adorei a nova historia, continua ela por favor *-*

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  2. muuuuito bom!
    sempre interessante e inusitado seus capitulos!
    louca para o proximo :D

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  3. De mais !! Ta muito perfeito *-* A-M-E-I quando vai ter o proximo +ou- ??

    Bjoos linda e continua assim ...

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  4. Ebaaaa....ameiiiii!!!

    Não Demora mais não tá...

    Bjus

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  5. Esse cap não foi tão reveñador como o anterior ,mas foi legal!! Possivel triangulo amoroso??

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  6. Ameeeeei!! *-* não demore muito pelo proximo hein, to curiosa.
    Possivel triangulo amoroso?? 2

    bjs

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  7. comecei a ler a pouco tempo e já me viciei....maravilhosa a historia.

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  8. Ana, vc eh incrivel!!! Sua historia eh diferente, maravilhosa, surpreendente totalmente viciante!! Pode contar cm + uma Mega Fã!!!!

    Ja ta doendo saber q vai acaba...POR AMOR A SUAS FÃS Q AMAM D+++++++++ SEU TRABALHO, ESCREVA CONTINUAÇAO DESSE LIVRO...INCLUSIVE PODIA VIRA UMA SERIE...eu e varias pessoas leriam com certeza!!!


    Ñ deixe a Anne fika afim d Alex... ñ qro ver esse casal...nem msm um bjo...a Anne pertence ao Matt e a + ng!!!! Isso faria o Matt sofrer D+++, e ele ja sofreu o suficiente!!!

    Tomara q vc concorde cm minha opniao!!!!

    Sam+Eve Matt+Anne (sem Alex)

    Parabens pela sua obra e por dividi-la conosco eh uma honra!!!

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. a Anne pertence ao Matt e a + ng!!!! Isso faria o Matt sofrer D+++, e ele ja sofreu o suficiente!!! [2]

    hehe' Quaando teem mais?!!
    Muito curiosa, pra mais!!
    Muito boom o livro...........
    Queem é viciada levanta a mão
    \_(--)_/
    ....||
    .../..\
    ../....\
    O......O

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  11. Amoreeeeeeeeeeeee....


    Kd o restoooo....rsrsrs


    Bjusss

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  12. amei o seu livro...
    ele é simplesmente de mais.....

    os personagem saum "reais"...tem sentimentos e reações parecidas com as q eu tomaria.....srrs

    a anne apesar de estar super hiper mega apaixona se impões e consegue ter uma vida além do relacionamento com o matt....e mostra q se pode conciliar amigos familia e um relacionamento...

    fico super orgulhosa de saber q existem escritoras taum talentosas aki no brasil...

    parabéns!!!!

    ps: eu comecei a ler ontem a noite e naum consegui para até o hora de ir trabalhar e assim q eu cheguei eu corri p cá p terminar de ler.....ssrss

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  13. ps: qdo tem maissss.......já estou viciada.....rss

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