quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Capitulo Cinco - Força

A tarde passou rápida, de uma maneira tranqüila, minha cabeça voava ao lembrar do sorriso perfeito do meu anjo. Ele de alguma forma conseguiu tampar o buraco em meu peito. Ele fizera meu medo sumir de alguma forma. Seu sorriso talvez fosse mágico, curava as dores passadas. Meu corpo formigava só de lembrar seu toque macio e gélido. Não via a hora de amanha voltar a encontrar com ele.
Minha mãe chegara tarde do trabalho, tive que improvisar um jantar rápido, nada que um macarrão instantâneo não resolvesse. Papai como sempre, não chegava antes de 11 horas, eu estava cansada, tinha passado por boas emoções hoje, decidi ir deitar. Meus sonhos dessa vez, não tinham corrida, medo, nem ódio. Tinha somente ele, o meu anjo.
Dessa vez, dormi até demais, o despertador tocou, mas meu corpo estava cansado demais para levantar. Adiei o máximo que pude levantar, mas passou pela minha cabeça a possibilidade de ver mais uma vez meu anjo e ouvir mais uma vez sua voz. Levantei da cama em um pulo, fui direto para o meu guarda roupa.
No banheiro, percebi que a mancha em meu pescoço havia ficado mais avermelhada. Coçava irritantemente se fosse tocada. Falar para minha mãe sobre ela estava fora de cogitação, não estava afim de escândalos sobre saúde. Descendo as escadas, reparei que não havia ninguém na cozinha. Nem na sala. E pelo que percebi, nem nos quartos lá em cima. Havia um bilhete na geladeira, que pela letra notei ter sido escrito por minha mãe:
“ Querida, tive que sair com o seu pai para trabalhar mais cedo. Espero que entenda. Tem cereal no armário em cima da pia, e leite novo na geladeira. Beijos meu amor.”
Arranquei o bilhete com uma exagerada força, mais uma vez, teria que ir pra escola a pé. Comi rapidamente meu cereal, peguei minha mochila e corri para a porta. Logo hoje que eu decidi dormir até mais tarde, meu pai não estava aqui para me levar.
Logo depois de abrir a porta, uma surpresa, sentado no mesmo lugar de ontem, estava ele, o meu anjo. Mas desta vez não estava sozinho, ao seu lado, estava o outro anjo. O mesmo que me deixara intrigada.
- Bom dia – disse olhando tanto para Matt, quanto para o outro anjo ao seu lado.
- Bom dia Anne – ele disse sorrindo, mas olhando para o outro anjo ao seu lado, para ver se ele se pronunciava.
Em vez disso, ele lançou um olhar raivoso para o meu anjo. Um arrepio passou pela minha espinha, seu olhar era profundo e tristonho. Matt simplesmente o ignorou, voltou a olhar para mim.
- Não liga, Sam não é o que se chama de educação em pessoa. – disse ele sorrindo.
Então era esse o nome do outro anjo, Sam.
- Ah certo, mas eu não mordo não. – disse num tom sarcástico, olhando para ver qual era a sua reação. Matt riu alto, numa risada musical e perfeita. Sam riu também, e se aproximou de mim.
- Bom dia Anne, meu nome é Sam. – disse ele sorrindo, seu sorriso era tão parecido com o de Matt, perfeito e suave.
- Bom dia Sam, prazer. – seu sorriso me deixara encantada assim como o de Matt,mas seus olhos emanavam tristeza. Seu rosto familiar me deixava tão confusa. Não me contive, as palavras saíram pela minha boca, sem que antes eu arrumasse freios para pará-las.
- Eu te conheço de algum lugar, seu rosto é tão... Familiar. Agente já se viu alguma vez? – eu preferia não ter dito nada, seu rosto se contorceu em dor e surpresa. Como se um balde de água fria tivesse sido jogado nele.
- Acho que não. – sua voz que a pouco era musical e perfeita se tornou um ruído sem vida. Ele caminhou com rapidez e ganhou uma boa distancia entre nós.
- Eu não quis... – eu tentei me justificar, mas fui interrompida por Matt.
- Não se preocupe ok?! Ele é sempre assim. – meu anjo disse, afagando meu rosto. Sua pele continuava extremamente gélida.
Caminhamos em silencio até a escola. Algumas vezes, Sam olhava para mim, com um olhar tristonho. Sentia que ele queria falar alguma coisa, eu queria perguntar, depois do ocorrido, me faltou coragem.
A escola já estava cheia, no instante em que pisei na entrada, o sinal tocou anunciando a minha primeira aula de Educação Física. Fiz um lembrete silencioso de tentar arrumar um jeito de me livrar desse tormento. Sam se dirigiu mais a frente, para sua sala de aula. Antes, deu um leve aceno com a cabeça para mim, eu sorri em resposta. Matt foi andando na frente, para pegar uns materiais que ele havia deixado no seu armário. Marina já estava na porta da quadra, com um sorriso no rosto.

- Anne, antes que eu morra de curiosidade, o que você ficou fazendo com o Matt ontem? – ela disse atropelando as palavras, antes que eu pudesse interrompê-la.

- Eu sabia que você ia me perguntar isso, - não consegui deixar de rir- a gente não falou nada demais, papo pro ar. – não estava mentindo, agente realmente não falara nada demais.

- Mas onde vocês já se conheciam, ou algo do tipo, ele não veio falar com você do nada. Não?!

- Ele veio falar comigo do nada, serio. Nunca o tinha visto.

- Serio?! Nossa que estranho, Anne, mas que ele é muito gatinho ele é, fala serio. – não me contive e comecei a rir, corando.

- É realmente ele é muito... – fui interrompida por uma voz musical.

- Bom dia, meu nome é Matt. – ele disse se apresentando a Marina.

Parecia sincronizado, eu e ela começamos a rir no mesmo instante. Fiquei ainda mais corada.
- Desculpe perdi alguma piada? – disse ele confuso.

- Não, deixa pra lá. Hm, coisa de garotas. Prazer Marina – disse Marina ainda rindo, estendendo a mão cara Matt.

Ele sorriu e apertou a mão de Marina. Um apito ecoou pela quadra, anunciando a chegada do professor.

- Atenção, vou colocar as listas de esportes em cima da minha mesa, preencha sua ficha e coloque nos respectivos lugares. Estão disponíveis quatro opções.

- Vai escolher qual Anne? – disse Marina, olhando para a lista de esportes disponíveis no mural.

- Tem a opção: Não fazer?

- Não Anne. – disse Marina rindo – Vamos fazer Vôlei? É legal, nos fazemos juntas, que tal?
- Pode ser. Mas queria mesmo não fazer. – peguei de má vontade o formulário e fui logo preencher

A aula era entediante e monótona, como toda aula de Educação Física era para mim. Regras, linhas, dicas. Nada que eu conseguisse praticar posteriormente. Do outro da quadra, meu anjo olhava diretamente para mim, sem desviar o olhar. Eu disfarçava, mas não conseguia deixar de olhar para ele por muito tempo. Ele era meu imã, meu perfeito imã.

O professor resolveu então, começar a aula pratica. Ele dividiu a turma de Vôlei em dois grupos e infelizmente não tinha reservas o time. Marina ficou do time oposto ao meu. Uma das meninas tagarelas de minha turma foi quem deu inicio a partida, com o primeiro saque.
Estava indo tudo bem, as pessoas repararam na minha pouca habilidade com a bola, e não passavam a bola para mim. Gostei disso, pelo menos eu não tinha que me dar ao trabalho de fingir que sabia jogar alguma coisa. Até que chegara a minha vez de sacar, o que não estava nos meus planos. Peguei a bola com certa raiva de ser obrigada a jogar, e me lembrei do pouco que tinha visto os outros jogadores sacando. Joguei a bola sem jeito para o alto, e bati com uma violência e força exagerada. Do outro lado, Marina tentara receptar minha bola, que ia à alta velocidade. Só consegui ouvir o grito agudo de dor de Marina. Automaticamente corri para seu lado. Seu pulso estava visivelmente fissurado. Uma pequena multidão se formou em volta dela. Eu estava ajoelhada ao seu lado, pedindo o máximo de desculpas que conseguia pronunciar. Eu estava chocada, nunca tive força para nada e com um saque consigo quebrar o pulso da minha nova amiga. O professor chegou pedindo para que todos se afastassem. Todos obedeceram menos eu, que continuei ao seu lado. Seus gemidos de dor me deixavam mais preocupada. Até que senti uma mão gelada me puxar para cima.

- Vamos Anne, ela vai ficar bem. – meu anjo estava ao meu lado, com suas mãos envolvendo meu braço.

Eu não tive, mais uma vez, como recusar esse pedido. Eu não consegui recusar nada vindo dele.

- Marina me desculpe, eu não tive a intenção – disse me desculpando de meu erro, já levantando.

- A culpa não foi sua Anne – ela disse tentando manter a voz calma, sem sucesso – Foi eu quem pegou a bola de mau jeito.

Matt me puxava cada vez mais forte e fui obrigada a deixar Marina deitada no chão da quadra.
- Vamos dar uma volta no pátio. Você esta muito nervosa. – Matt disse me entregando meu casaco.

- Não, quero ver o que vai acontecer com ela, fiquei preocupada. Se eu não tivesse batido tão forte... – fui interrompida por sua voz musical.

- A culpa não foi sua. Vamos você esta visivelmente nervosa. Não quero te ver assim, me deixa angustiado.

Eu fiquei sem palavras, ele se importava tanto comigo. Nós mal nos conhecíamos. Cada hora ao lado dele, me deixava excepcionalmente encantada.

4 comentários:

  1. vc tah indo muito bem!
    eu to, realmente, fascinada e curiosa! *---*

    Paranéns! ;)

    ResponderExcluir
  2. Não quero te ver assim, me deixa angustiado. ...esse comentário dele foi mas q perfeitoooo....rsrs

    ResponderExcluir