sábado, 14 de fevereiro de 2009

Capitulo Dois - Rotina

Eu não tinha certeza onde exatamente eu estava. Tinha consciência de que estava deitada e que alguém falava comigo, mas não sabia ao certo quem era. Até que um cheiro forte me tomou, parecia álcool, foi uma reação automática levantar. Sentei-me meio zonza, no que me parecia uma maca.
- Anne, graças a Deus! Fiquei preocupada.
Percebi então, onde estava, era uma enfermaria, as paredes eram azul claro e branca, além da maca onde eu estava sentada, duas poltronas, um armário de remédios e uma mesa de madeira clara, eram a mobília da pequena sala. Uma senhora de cabelos loiros e olhar calmo estava ao meu lado segurando um algodão que me parecia à fonte do tal cheiro.
- O que aconteceu? – minha voz saiu rouca e sem vida.
- Não sei, você estava pálida olhando para o nada e pronto, desmaiou. – Marina dizia as palavras com tanta rapidez que demorei a entender.
- Não lembro quase nada. Só do escuro. – eu tava confusa, minha mente estava embaralhada
- Você está melhor querida? – uma voz suave me perguntou.
- Sim, sim. Só um pouco tonta por causa do cheiro. – disse, ainda confusa.
- Vou te liberar das próximas aulas, você pode ir para casa. Mas da próxima vez coma alguma coisa, o desmaio pode ter sido por estomago vazio.
- Claro. –eu estava muito tonta para tentar entender alguma coisa.
- E você querida, pode voltar para a sala.
Marina olhou de cara feia, mas assentiu e saiu da pequena sala, não sem antes me desejar melhoras. Liguei para minha mãe para ela vir me buscar, mas ela já tinha ido trabalhar. Fui andando devagar até em casa, e tomando muito cuidado com as calçadas ainda úmidas. Minha cabeça ia longe, tentando encontrar o lugar de onde eu vira aquele rosto. Vasculhava sem sucesso todas as minhas memórias. Entre o trajeto até minha casa, tive a ligeira impressão que estava sendo seguida, eu olhava para trás, mas além de uma mulher com uma criança no colo e mim, não havia mais ninguém na rua.
Eu estava na porta de entrada, procurando a chave na bagunça que é a minha mochila, quando notei a presença de mais alguém na minha rua. Eram eles, os anjos da minha escola, estavam na frente da minha casa, sentados em um banco perto da arvore que costumava ter um balanço quando eu era criança. Tentei não olhar fixamente para os dois que me encaravam sem disfarçar. Consegui encontrar a minha chave, e entrei em casa rapidamente, procurei a janela perto da entrada para espiá-los, quando olhei, eles são estavam mais ali, e não havia nenhum sinal deles na rua.
- Você ta ficando maluca Anne, vendo coisas é a primeira etapa. – falei me advertindo em voz alta.
Fiz um lanche rápido, já era quase meio dia. Comi assistindo TV, coisa que se minha mãe estivesse aqui nunca me deixaria fazer. Desde pequena ela fora assim, cuidadosa com tudo que se referisse a mim, comer ela sempre falava que era uma hora de concentração, comer vendo TV terminava com tudo, eu achava engraçado essa preocupação, mas para menos problemas preferiria ouvi-la. Já meu pai era mais largado em relação a esses cuidados, ele sempre deixara fazer tudo o que eu queria, principalmente quando estava na vovó, minha mãe nem poderia imaginar que eu pulava em rios e escalava arvores.
E então cochilei, tive um sonho que misturava os anjos, com uma correria como na ultima noite. Mas dessa vez, era eu mesma correndo, sentia-me sem fôlego e minhas pernas estavam cansadas, com certeza não era o corpo forte e rápido na noite anterior. Estava frio, e novamente eu não sabia por que de estar correndo, eles estavam ao meu lado, eles corriam, mas não pareciam nem um pouco cansados como eu estava, seus rostos perfeitos continuavam sem expressão. Então eu cai, meu corpo não respondia aos meus comandos, eu estava exausta.
- Anne, meu amor, você está bem? – a voz doce de minha mãe me acordara.
- Que horas são? – perguntei desnorteada.
- 10 da noite meu amor. Vamos comer alguma coisa, e você vai dormir. – disse ela carinhosamente.
Comi com movimentos robóticos, mastigar, mastigar. Subi as escadas com os olhos quase se fechando, escovei meus dentes e fui para a cama. Dessa vez, a noite foi sem sonhos.
De manha, acordei mais cedo do que o comum, o despertador ainda nem havia tocado e eu já estava de pé. Aproveitei esse tempo extra, pra pensar, sentei no parapeito na janela, olhando a rua, que ainda estava sem vida, pelo que percebi o Sol hoje foi dado por vencido e as nuvens escuras comandavam o céu. Fiquei um tempo olhando para o banco onde tive a certeza de que vira os dois anjos. Não me dando por vencida, revirei minha mente a procura de uma lembrança vaga que fosse, mas nada.
Resolvi então tomar banho.
No banheiro, em frente ao espelho reparei na existência de uma marca em meu pescoço, ela não estava ali antes, tinha toda a certeza. Era vermelha e coçava irritantemente. Fiquei um pouco angustiada com a sensação incomoda que ela me causava, deveria ser alguma alergia.
Saindo do banho, fui escolher a roupa para usar, realmente não era uma coisa que eu gostava. Além de achar meu corpo sem graça, era magra demais, branca demais, tinha olheiras demais, e meu cabelo era preto e liso demais. Tudo era demais em mim, não me sentia bem com isso, e ultimamente andava reparando que parecia mais pálida, talvez estivesse com algum tipo de anemia, o que era meio estranho por que me sentia às vezes mais forte que o comum. Peguei a primeira roupa que vi, uma blusa verde de gola, pra esconder essa marca estranha no meu pescoço, se a mamãe visse, não aposto nada que ela me levaria correndo para o hospital fazendo escândalos pelo caminho.
- Bom dia mãe – disse descendo as escadas em direção a cozinha. Meu pai estava lá já lendo uma revista de medicina.
- Princesa - mesmo com quinze anos meu pai continuava com esse apelido de criança. Eu achava meio infantil, mas não tinha coragem o suficiente para falar isso para ele.
- Pai – fui abraçá-lo, desde que ele ganhou uma promoção no hospital onde trabalhava, ele não parava em casa, eram convenções, palestras, sentia muita falta dele.
- Pode me levar na escola hoje? – falei de boca cheia. Minha mãe já me dera um olhar me restringindo.
- Claro. Agente só tem que correr. Tenho uma palestra daqui a meia hora.
- Certo – disse satisfeita.
O percurso até a escola feito de carro, não era demorado, no máximo 5 minutos. Cheguei cedo demais, a escola ainda estava vazia, e estava fazendo muito frio. Resolvi ir até a secretaria pegar um armário disponível para guardar os livros, tinha programado fazer isso ontem, mas o desmaio não estava na minha lista de atividades para o dia.
A secretaria estava dessa vez, completamente vazia. A mesma senhora que me entregara os horários ontem, estava lá, mexendo em uma prateleira lotada de pastas.
- Bom dia, é com a senhora que faz a reserva de armários?
- Sim. Deixe-me pegar a lista aqui. – disse ela sorridente.
Não havia muitos armários disponíveis, não sabia mesmo qual escolher, peguei um numero aleatório, e a simpática senhora me entregara a chave com um imenso sorriso, e me desejando boa sorte.
O corredor agora começava a encher por pessoas solitárias mexendo em seus armários, ou por pequenos grupos de pessoas, duas delas eu reconheci como sendo do grupo de garotas da minha sala, elas estavam arrumando seus armários. Resolvi fazer o mesmo, minha mochila estava pesada, e alguns livros não tinham necessidade de estar ali. Procurei a fila de armários B, numero 19. Ficava bem no meio do corredor que tava para a nossa sala. A chave demorou a entrar e a porta parecia estar um pouco emperrada. Fiz uma anotação em minha mente de lembrar-se de reclamar sobre isso na direção. Coloquei parte dos meus livros dentro do armário, deixei somente os dois que iríamos utilizar hoje: História e Matemática.
Caminhei lentamente para a sala de aula, não estava com a mínima vontade de assistir os dois tempos de matemática seguidos. Até que ouvi alguém chamar o meu nome, era uma voz angelical e perfeita. Parei imediatamente, mas não me virei para o lado de aonde viera o som da voz. Então ouvi de novo a mesma voz pronunciando meu nome. Me virei, e ele estava lá, tão perto de mim, seu olhar prendia o meu como um imã, quando vi brotar no canto da sua boca um sorriso.

6 comentários:

  1. Ana posta o capitulo três rápido por favor!!
    To gostando da sua história!!

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  2. carambaaaaaaa q massa
    to doidinha para saber o q vai acontecer

    morrendo de curiosidade pelo capitulo 3
    *_*

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  3. Deuuuus !
    sua históriia éé MARA *-*
    eça é vampira tananan [2]
    OKSOSKSOSKO

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  4. Quero saber qual dos dois está chamando ela !!

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  5. 2 anjos de uma vez só...meu deus q sorte ela tem....rsrsr

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